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Remédio é mais barato na região central
Pesquisa realizada pela Fundação Procon avaliou preços de 103 produtos de 15 farmácias da cidade de São Paulo
Diferenças podem chegar a 910% entre medicamentos genéricos e a 295% entre remédios de marca nas cinco regiões do município
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa inédita feita
em 15 farmácias da cidade de
São Paulo pela Fundação Procon, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, mostra que a diferença de preço de
medicamentos de mesma categoria pode chegar a 910% em
diferentes estabelecimentos.
É o caso do genérico fenitoína, um anticonvulsivante que
foi encontrado por R$ 0,40 na
região central e por R$ 4,04 na
zona leste (cada caixa com 25
comprimidos). Em média, os
preços são melhores na região
central de São Paulo.
O levantamento foi feito de
19 a 21 de janeiro deste ano, e as
farmácias -de grande e médio
portes- foram escolhidas aleatoriamente nas cinco regiões
da cidade. Os preços comparados são os menores oferecidos
para o cliente comum, isto é,
que não possui nenhum desconto especial, como costuma
ocorrer com aposentados, funcionários de empresas ou participantes de planos de saúde.
A pesquisa considerou preços de 103 itens -62 medicamentos de marca e 41 genéricos. Foram selecionados os remédios mais usados contra as
doenças mais comuns.
Entre todos os estabelecimentos, a Drogaria Pacheco,
que fica no centro de São Paulo,
apresentou a maior quantidade
de produtos com menor preço
-foram 48 remédios mais baratos. A Drogão, na zona sul da
cidade, vendia durante a pesquisa 49 produtos com os preços mais altos.
"Os remédios também são
mais caros na periferia do que
no centro da capital", diz Luiz
Roberto Barradas Barata, secretário de Estado da Saúde.
Em geral, grandes redes de
farmácias, que têm maior poder de negociação com os laboratórios e podem oferecer preço menor, são mais facilmente
encontradas em áreas mais
centralizadas da cidade. Ainda
que não seja medido pela pesquisa, isso também contribui
para que se encontrem preços
melhores nessas áreas.
Medicamentos têm um preço máximo definido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e as farmácias
podem comercializar os produtos em qualquer valor que não
ultrapasse o teto.
"É muito difícil regular a indústria de medicamentos. É
forte e coloca o preço que quer.
Os três mercados mais difíceis
de controlar são o de remédios,
de armas e o narcotráfico", afirma Barradas Barata.
A pesquisa também comparou medicamentos de marcas
com seus genéricos e encontrou as maiores diferenças (até
1.400%) -já esperadas, uma
vez que o preço do genérico deve ser no mínimo 35% menor
do que o equivalente de marca.
O genérico, para ser aprovado para venda, deve ter ação
idêntica ao produto de marca.
"O médico deve receitar e o paciente deve cobrar o nome do
princípio ativo na receita, e não
o nome fantasia", diz Barradas.
Outro lado
Em nota, a Abrafarma (Associação Brasileira de Rede de
Farmácias e Drogarias) disse
que há distorções no estudo. A
entidade afirmou que fez novas
pesquisas ontem e que as discrepâncias são menores do que
as reveladas pela pesquisa, e
que erros devem ter ocorrido
por "problemas de digitação na
planilha, de levantamento de
campo ou na definição dos critérios da pesquisa."
A Fundação Procon afirma
que houve rechecagem dos preços considerados e que os valores podem ter sofrido alterações nos últimos dias.
A lista completa de medicamentos pode ser acessada no
site www.procon.sp.gov.br.
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