São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Oftalmos alertam para mau uso de lentes de contato

Estudo mostra que usuários adquirem doenças porque não respeitam indicações médicas nem orientações de higiene

Em levantamento feito por hospital de olhos, 45% dos pacientes não respeitavam o prazo de validade indicado

GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO

O brasileiro faz mau uso das lentes de contato. Os problemas começam com a compra feita sem prescrição e persistem na hora de limpar, guardar e trocar o produto.
O que os oftalmologistas observam na experiência clínica também foi detectado em levantamento feito pelo Instituto Penido Burnier, hospital de Campinas especializado em olhos.
Ao longo de dois anos, foram analisados os prontuários de pacientes que se queixavam de problemas oculares causados pelo uso de lentes de contato. Desses, 20% haviam sofrido alguma alergia decorrente do armazenamento incorreto e da falta de cuidados com a higiene, e outros 35% sofreram contaminação pelo contato da lente com cremes e maquiagem.
Os 45% restantes não respeitavam o prazo de validade indicado e, às vezes, nem tiravam as lentes para dormir.
Esse foi o caso do motorista Luis Gustavo Santos, 33, que usou as lentes por sete meses: dormia com elas, não fazia a higienização correta e continuava usando além da validade indicada.
Passou a ter problemas para enxergar, principalmente à noite. Seu quadro era de ceratite, inflamação da córnea.
O motorista passou por tratamento à base de colírio de cortisona durante um ano, para se recuperar: "Não sentia dor, mas tive medo de perder a visão, ainda mais com a minha idade", afirma.

IMPRUDÊNCIA
De acordo com Renato Giovedi Filho, oftalmologista da Santa Casa de São Paulo, quem precisar usar lente de contato deve procurar supervisão médica em vez de recorrer a ópticas ou farmácias.
"O que a gente vê hoje em dia é uma banalização. Muita gente compra por conta própria e os adolescentes são afoitos em substituir os óculos pelas lentes sem se preocupar com os cuidados necessários", diz.
Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista que conduziu o estudo, reforça outro exemplo de mau uso: "Muita gente recorre ao soro fisiológico para limpar as lentes, porque é mais barato, mas ele não contém bactericidas como as soluções multiuso".

COMPLICAÇÕES
Segundo Giovedi, as lentes apresentam riscos que não podem ser ignorados. Ele explica que, além de interferirem na oxigenação do olho, são grandes vetores de contaminação: "Uma mão mal lavada que encosta na lente ou um estojo mal conservado podem causar uma infecção grave, como uma úlcera de córnea".


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