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Oftalmos alertam para mau uso de lentes de contato
Estudo mostra que usuários adquirem doenças porque não respeitam indicações médicas nem orientações de higiene
Em levantamento feito por hospital de olhos, 45% dos pacientes não respeitavam o prazo de validade indicado
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
O brasileiro faz mau uso
das lentes de contato. Os problemas começam com a compra feita sem prescrição e
persistem na hora de limpar,
guardar e trocar o produto.
O que os oftalmologistas
observam na experiência clínica também foi detectado
em levantamento feito pelo
Instituto Penido Burnier,
hospital de Campinas especializado em olhos.
Ao longo de dois anos, foram analisados os prontuários de pacientes que se queixavam de problemas oculares causados pelo uso de lentes de contato. Desses, 20%
haviam sofrido alguma alergia decorrente do armazenamento incorreto e da falta de
cuidados com a higiene, e
outros 35% sofreram contaminação pelo contato da lente com cremes e maquiagem.
Os 45% restantes não respeitavam o prazo de validade
indicado e, às vezes, nem tiravam as lentes para dormir.
Esse foi o caso do motorista Luis Gustavo Santos, 33,
que usou as lentes por sete
meses: dormia com elas, não
fazia a higienização correta e
continuava usando além da
validade indicada.
Passou a ter problemas para enxergar, principalmente
à noite. Seu quadro era de ceratite, inflamação da córnea.
O motorista passou por
tratamento à base de colírio
de cortisona durante um
ano, para se recuperar: "Não
sentia dor, mas tive medo de
perder a visão, ainda mais
com a minha idade", afirma.
IMPRUDÊNCIA
De acordo com Renato
Giovedi Filho, oftalmologista
da Santa Casa de São Paulo,
quem precisar usar lente de
contato deve procurar supervisão médica em vez de recorrer a ópticas ou farmácias.
"O que a gente vê hoje em
dia é uma banalização. Muita
gente compra por conta própria e os adolescentes são
afoitos em substituir os óculos pelas lentes sem se preocupar com os cuidados necessários", diz.
Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista que conduziu o
estudo, reforça outro exemplo de mau uso: "Muita gente
recorre ao soro fisiológico para limpar as lentes, porque é
mais barato, mas ele não
contém bactericidas como as
soluções multiuso".
COMPLICAÇÕES
Segundo Giovedi, as lentes apresentam riscos que
não podem ser ignorados.
Ele explica que, além de interferirem na oxigenação do
olho, são grandes vetores de
contaminação: "Uma mão
mal lavada que encosta na
lente ou um estojo mal conservado podem causar uma
infecção grave, como uma úlcera de córnea".
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