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Crianças e jovens de favela do Rio estão expostos a chumbo
Problema aumenta risco de ter câncer e deficiências neurológicas, diz estudo
Virginia Damas/CCI/ENSP/Fiocruz
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Menino em depósito de lixo no Complexo de Manguinhos, favela na zona norte do Rio de Janeiro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Crianças e adolescentes do
Complexo de Manguinhos, favela na zona norte do Rio, têm
500 vezes mais chances de desenvolver câncer e deficiências
neurológicas por exposição ao
chumbo, metal que se acumula
no organismo, apenas por estar
expostas à poluição do local. É o
que aponta uma pesquisa da
Fiocruz, publicada na revista
da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).
A pesquisa revelou que 40%
das 64 crianças e adolescentes
examinados tinham concentrações de chumbo maiores do
que 6 mg por decilitro de sangue. Estudos indicam que concentrações acima desse índice
são suficientes para colaborar
com alterações neurológicas.
Outros 5% apresentavam índices acima de 10 mg por decilitro de sangue, taxa considerada
limite pela Organização Mundial da Saúde.
A coordenadora da pesquisa,
Rita Mattos, compara os casos
de Manguinhos e da cidade de
Bauru (SP), onde 295 crianças
foram contaminadas por
chumbo de uma indústria em
2002. "Não há uma fonte de
emissão, como em Bauru. O
chumbo está no solo, no ar e na
água", disse a pesquisadora.
Uma das explicações para a
concentração de chumbo é o alto índice de poluição atmosférica no local, que é próximo a
rodovias e linhas férreas. O estudo também aponta a existência de aterros construídos com
estruturas de demolição. "Restos de tintas, que antigamente
tinham chumbo na composição, e todos os outros fatores
reunidos acabam contaminando ambiente", disse Mattos.
A pesquisadora diz também
que as crianças absorvem até
três vezes mais o chumbo do
que os adultos, e o fato de terem
hábitos como levar a mão à boca deixa-as mais vulneráveis à
exposição por ingestão.
Segundo a coordenadora,
uma das maneiras de prevenção seria dar mais atenção à nutrição da crianças. "Aumentando o consumo de cálcio e ferro
na alimentação, suprindo o deficit nutricional que muitas delas apresentam, a atuação do
chumbo no organismo pode ser
diminuída", afirmou.
(SM)
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