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Anvisa libera entrada de luvas sem látex no Brasil
Hospitais terão 180 dias para completar o estoque
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) publica
hoje, no "Diário Oficial da
União", uma resolução autorizando, excepcionalmente, hospitais a importarem luvas cirúrgicas sem látex sem ter que
passar pelo processo de qualidade exigido pela agência desde
dezembro de 2009.
Segundo Dirceu Barbano, diretor da Anvisa, os hospitais terão 180 dias para adquirir as luvas e completar seus estoques.
O teste de qualidade exigido
hoje é feito pelo Inmetro, assim
como acontece com os preservativos. Uma amostra do lote
adquirido passa por testes de
resistência para avaliar se há
furos ou outros problemas nas
luvas. Segundo a Anvisa, muitas chegavam furadas, com mofo, com insetos e com cabelo.
Agora, continua aberta uma
consulta pública aberta pela
agência para reavaliar os requisitos exigidos desses produtos.
A intenção é encontrar uma alternativa para as luvas sem látex antes do prazo estipulados
para compra emergencial.
"A melhor alternativa até
agora é exigir um certificado
ISO desses fabricantes. Isso é
pior que o teste do Inmetro,
mas é melhor do que não exigir
nada", afirmou Barbano.
Segundo ele, apenas dois fornecedores desse material são
registrados no Brasil. Nenhuma empresa brasileira produz
luvas isentas de látex -que
chegam a custar até cinco vezes
mais. No ano passado, o Brasil
importou 2 bilhões e 300 milhões de luvas cirúrgicas, sendo
que apenas cerca de 20 mil
eram isentas de látex.
Anteontem, o Ministério Público Federal entrou com uma
ação civil pública contra a agência pedindo a autorização da
importação dessas luvas em um
prazo de 15 dias, pois várias cirurgias vêm sendo canceladas.
Mauro César Morais Filho,
diretor clínico da AACD (Associação de Assistência à Criança
Deficiente), disse que até ontem a instituição havia cancelado 53 cirurgias por falta do material. Ele diz que, com a autorização da importação, a AACD
fará o possível para comprar o
máximo de luvas sem látex.
"Fazemos cerca de 250 cirurgias por ano usando esse tipo de
luva. Cada procedimento usa,
em média, dez pares. Parece
pouco, mas, para nós, a falta
desse material traz prejuízos."
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