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Terapia familiar é a mais eficaz para tratar anorexia
Resultados de sessões individuais foram comparados aos da técnica que envolve pais e irmãos de paciente
Pesquisa das universidades de Stanford e Chicago avaliou a recuperação de jovens dos dois sexos
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
A terapia familiar é duas
vezes mais eficaz no tratamento da anorexia nervosa
do que a terapia individual.
Uma pesquisa da Universidade de Stanford em parceria
com a Universidade de Chicago, nos EUA, comparou os
dois tipos de tratamentos em
121 pacientes de 12 a 18 anos.
Aqueles que tiveram apoio
e acompanhamento de pais e
irmãos se recuperaram mais
rapidamente e melhor.
Para Ester Zatyrko Schomer, psicóloga clínica e terapeuta familiar do Ambulatório de Bulimia e Transtornos
Alimentares (Ambulim) do
Hospital das Clínicas da USP,
tratar a família toda é mesmo
mais eficaz do que acompanhar apenas o paciente.
"A rotina familiar pode ter
relação com a determinação
ou a continuidade da doença. Essa é a terapia mais
abrangente, porque cada um
descobre o que precisa fazer
para ajudar."
Uma pessoa com anorexia
é capaz de desestabilizar toda a casa. Em geral, quando
os pais procuram ajuda para
os filhos, eles mesmos já estão precisando de apoio.
"Eles se sentem impotentes e já estão cansados. Isso
gera conflitos, agressões das
duas partes e perda do diálogo", diz a médica psiquiatra
Maria Angélica Nunes, coordenadora do Grupo de Estudos e Assistência aos Transtornos Alimentares (Geata),
de Porto Alegre.
A forma mais comum do
tratamento familiar coloca o
paciente, irmãos e pais na
mesma sessão. A primeira lição que os pais aprendem é
que eles não são e nem devem se sentir culpados.
"Há muitas causas para
um transtorno alimentar. É
impossível falar em culpados. Os pais precisam recuperar a autoestima e a autoridade. Eles são as melhores
pessoas para orientar e ajudar os filhos doentes", afirma
Liliane Kijner Kern, médica
psiquiatra do Programa de
Orientação e Assistência a
Transtornos Alimentares
(Proata) da Unifesp.
Em uma das sessões, por
exemplo, todos são convidados a almoçar no consultório. O terapeuta assiste a tudo
e apoia os conselhos dos pais
para reforçar a autoridade.
ERROS
Segundo Kern, sem orientação, muitas vezes as famílias tomam rumos errados.
Há, segundo ela, duas atitudes comuns que só fazem alimentar a doença. A primeira
delas é insistir para que o paciente coma.
"É uma guerra sem solução. Os pais tentam argumentar sobre a comida, o número de calorias e não adianta. A doença é sempre mais
forte", diz a psiquiatra.
Outro problema é ceder às
exigências do paciente.
Quem tem um transtorno alimentar tenta controlar a alimentação da família toda e
faz chantagens para isso.
"Ceder só fortalece o mau
comportamento do paciente", explica a médica.
Todos os integrantes da família precisam estar abertos
ao diálogo, esquecer as cobranças e fazer acordos.
"Firmamos um acordo sobre como vai ser a alimentação naquela semana, e precisamos da família para fiscalizar se o cardápio está sendo
cumprido. É um plano discutido e firmado entre o paciente, o terapeuta e a família. Essa é a maior ajuda que a família pode dar", afirma a nutricionista Fernanda Pisciolaro,
da Associação Brasileira paro o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica (Abeso).
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