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20% das brasileiras têm enxaqueca, diz pesquisa
Homens sofrem mais de cefaleia do tipo tensional; estudo ouviu 3.848 pessoas
Dados são da 1ª pesquisa epidemiológica sobre dor de cabeça no Brasil; números mostram quem sente dor mais de 15 dias por mês
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro levantamento
epidemiológico da incidência
de dor de cabeça no Brasil, feito
por sete instituições, revela que
as mulheres têm o dobro de enxaqueca, enquanto os homens
sofrem mais da chamada cefaleia do tipo tensional.
A prevalência média do tipo
tensional (13%) foi considerada
baixa. No Canadá, por exemplo,
o índice é de 36% e, na Alemanha, de 38,3%. Ela foi maior em
homens (15,4%) do que em mulheres (9,5%). A faixa etária em
que ela aparece com mais frequência é dos 18 aos 29 anos.
Já a enxaqueca foi muito
mais prevalente em mulheres
-20% delas contra 9,3% dos
brasileiros sofrem com esse tipo de dor no país.
A incidência média no Brasil
ficou em 15,2% -um pouco acima dos 11% relatados em uma
revisão de estudos de vários
países. A maioria das vítimas
está na faixa dos 30 aos 39 anos.
Sobrecarga emocional
A maior incidência de enxaqueca nas mulheres era esperada. "Essa dor é mais sensível a
variações hormonais", diz um
dos autores, o neurologista Mario Peres, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Além disso, ela está ligada ao
estresse e ao estilo de vida.
"Muitas mulheres enfrentam
sobrecargas emocionais para
conciliar filhos e trabalho", diz
ele. A prevalência dela em homens e mulheres também foi
maior na cidade de São Paulo.
A enxaqueca e o tipo tensional são os mais comuns entre
os tipos de dor de cabeça primários -aqueles que não são
sintoma de nenhuma doença,
como meningite ou tumores.
Para chegar aos resultados,
pesquisadores de instituições
como a Unifesp, o Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Moinhos de Vento, de
Porto Alegre, entre outras, ouviram 3.848 voluntários com
idades de 18 a 79 anos nos 27
Estados brasileiros. Além de
relatar as características da dor
de cabeça, os entrevistados responderam ainda a questões sociodemográficas.
Os resultados revelaram
também que 6,9% da população tem cefaleia crônica diária.
Isso significa que essas pessoas
sentem dor de cabeça durante
mais de 15 dias por mês.
A cefaleia crônica é uma
complicação de qualquer tipo
de dor de cabeça, frequentemente causada por mau uso de
remédios. Segundo os autores
da pesquisa, se a pessoa toma
analgésicos mais de dois dias
por semana, o cérebro fica viciado, o que pode provocar uma
dor de cabeça de rebote.
A prevalência de quase 7% foi
considerada alta, similar à de
países subdesenvolvidos. Em
países europeus a taxa fica entre 3% e 4%. "Ela está associada
à falta de tratamento correto",
explica o neurologista Luiz
Paulo de Queiroz, da Universidade Federal de Santa Catarina, também autor do trabalho.
Prevenir crises
Atualmente, o tratamento
das cefaleias busca prevenir as
crises. Para isso, são ministrados medicamentos que agem
nos neurotransmissores envolvidos na dor e na dilatação dos
vasos, como anti-hipertensivos, anticonvulsivantes e até
antidepressivos. Além disso, é
fundamental mudar hábitos de
vida, como ter horários de sono
regulares, evitar alimentos e
bebidas que disparam a dor, como o vinho tinto, e controlar o
estresse e a ansiedade.
A enxaqueca é considerada
uma doença crônica caracterizada por crises de dor devido a
uma disfunção transitória do
cérebro. Trata-se de uma das
cefaleias mais incapacitantes.
Já o tipo tensional está mais
relacionado à tensão, tanto
muscular quanto emocional.
Nesse caso, além dos medicamentos preventivos, outras
medidas como atividade física,
ioga, acupuntura e até psicoterapia também ajudam a evitar
novas crises.
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