São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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Proibição a câmaras será mantida, diz Anvisa

Agência vai recorrer de liminar que liberou uso de bronzeamento artificial

Maioria das clínicas estéticas de São Paulo e do Rio consultadas pela Folha não religou as máquinas ontem, apesar da liberação


Mastrangelo Reino/Folha Imagem
A decoradora Paula Mansur foi a clínica de bronzeamento em SP no primeiro dia da liberação

IURI DE CASTRO TÔRRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vai manter a proibição às câmaras de bronzeamento artificial, afirma o diretor da entidade, Dirceu Barbano. "Não há um meio termo entre benefício e risco. Não há benefícios."
A agência recorrerá nesta semana da liminar concedida pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Rio Grande do Sul, que liberou o uso dos aparelhos para os afiliados da Abba (Associação Brasileira de Bronzeamento Artificial). A decisão do juiz federal substituto Jurandi Borges Pinheiro autoriza o uso das câmaras por cerca de 300 clínicas estéticas, fabricantes e importadores.
No primeiro dia da liberação, a maioria das clínicas estéticas ouvidas pela Folha em São Paulo e no Rio de Janeiro manteve as câmaras desligadas. Dos 13 estabelecimentos consultados, apenas um voltou ontem a operar os aparelhos.
Nem a procura, que já era grande pela manhã, fez as máquinas serem religadas na Beauty House, no Jardim Paulista. "Acho radical [a proibição], mas não cabe a mim contestar. Muita gente implora para usar, mas, enquanto a Anvisa não autorizar, as máquinas ficarão paradas", disse o proprietário, Ricardo Nemr. Já as três unidades na capital paulista da New Sun tiveram dia cheio, com clientes aparecendo sem marcar horário ou agendando o bronzeado para o fim de semana.
Diretor médico da Abba e um dos sócios da New Sun, Miguel Carlos de Andrade Vietri critica a proibição da Anvisa, que, segundo ele, "é baseada em rigorosamente nada." O uso dos aparelhos estava proibido desde 11 de novembro do ano passado, com base em estudos da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer que mostram que se submeter ao bronzeamento artificial aumenta em 75% o risco de câncer de pele em pessoas com menos de 35 anos. Para Barbano, "um procedimento [bronzeamento artificial] que não traz nenhum benefício e causa câncer não pode ser autorizado pelo Estado."

Risco de câncer
Segundo o Instituto Nacional de Câncer dos EUA, mulheres que usam câmaras de bronzeamento mais de uma vez por mês têm 55% mais risco de desenvolver melanoma, a forma mais letal de câncer de pele.
"Sabemos que os raios UVA, predominantes nas câmaras, têm um papel importante no aparecimento de tumores de pele", diz a dermatologista Flávia Addor, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia - regional São Paulo.
Outro dano causado pelos aparelhos é o envelhecimento precoce da pele, aumentando o risco de manchas e rugas.
De acordo com Addor, os dermatologistas também se preocupam com a fiscalização e manutenção dos aparelhos. "A câmara mal regulada pode emitir outras radiações ou emiti-las em excesso e pode levar a queimaduras. As fiscalizações no Brasil não são suficientes."

Colaboraram JULLIANE SILVEIRA, da Reportagem Local, e SAMIA MAZZUCCO, da Sucursal do Rio



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