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TRANSPLANTE
Primeira pessoa a receber um novo rosto nos EUA tem alta
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
A primeira pessoa submetida a um transplante de rosto nos Estados Unidos -e a
quarta no mundo- saiu do
hospital no último dia 5. A cirurgia permitiu que a mulher, que teve a identidade
preservada, voltasse a sentir
cheiro de hambúrguer e a tomar café, ações simples comprometidas por um acidente.
Os resultados do transplante foram apresentados
ontem em Chicago, durante
a reunião 175 da AAAS (Sociedade Americana para o
Avanço da Ciência), pela médica e pesquisadora de origem polonesa Maria Siemionow, que realizou a operação
na Clínica Cleveland (EUA).
"Ela simplesmente não
podia tomar banho de chuveiro nem sentir cheiro porque não tinha nariz. Ela voltou a ter um rosto para poder
ver o mundo", disse Siemionow à Folha, logo após sua
palestra. De acordo com ela,
a identidade da paciente será
mantida em sigilo por questões éticas.
Segundo Siemionow, os
Estados Unidos fizeram somente agora um transplante
de rosto -o primeiro no
mundo, da francesa Isabelle
Dinoire, é de 2005- porque,
antes, ela não havia conseguido aprovação das instituições de bioética.
A paciente americana perdeu o nariz, o palato (osso do
céu da boca) e o lábio superior em um acidente. "Todas
as estruturas transplantadas
vieram de um cadáver", afirmou Siemionow. Para voltar
a ter um rosto, a mulher teve
que passar por tratamento
psicológico. No total, foram
transplantados 196 centímetros quadrados de tecido.
Estímulos em ordem
A operação ocorreu em dezembro. Foram 22 horas de
cirurgia, com a participação
de 14 médicos e 30 assistentes. Além de voltar a sentir
cheiros e se alimentar, a paciente também voltou a respirar sozinha.
Todos os receptores, tanto
os do nariz, para o cheiro,
quanto os da boca, para o
gosto, estão funcionando
bem, disse Siemionow, que
está "há 20 anos se preparando para essa operação".
Agora, a clínica trabalha
em outras linhas de pesquisa, para resolver novos problemas, como transplante de
rosto de pessoas que tiveram
câncer -pacientes que apresentam maiores chances de
desenvolver rejeição a um
novo tipo de tecido.
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