São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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TRANSPLANTE

Primeira pessoa a receber um novo rosto nos EUA tem alta

EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

A primeira pessoa submetida a um transplante de rosto nos Estados Unidos -e a quarta no mundo- saiu do hospital no último dia 5. A cirurgia permitiu que a mulher, que teve a identidade preservada, voltasse a sentir cheiro de hambúrguer e a tomar café, ações simples comprometidas por um acidente.
Os resultados do transplante foram apresentados ontem em Chicago, durante a reunião 175 da AAAS (Sociedade Americana para o Avanço da Ciência), pela médica e pesquisadora de origem polonesa Maria Siemionow, que realizou a operação na Clínica Cleveland (EUA).
"Ela simplesmente não podia tomar banho de chuveiro nem sentir cheiro porque não tinha nariz. Ela voltou a ter um rosto para poder ver o mundo", disse Siemionow à Folha, logo após sua palestra. De acordo com ela, a identidade da paciente será mantida em sigilo por questões éticas.
Segundo Siemionow, os Estados Unidos fizeram somente agora um transplante de rosto -o primeiro no mundo, da francesa Isabelle Dinoire, é de 2005- porque, antes, ela não havia conseguido aprovação das instituições de bioética.
A paciente americana perdeu o nariz, o palato (osso do céu da boca) e o lábio superior em um acidente. "Todas as estruturas transplantadas vieram de um cadáver", afirmou Siemionow. Para voltar a ter um rosto, a mulher teve que passar por tratamento psicológico. No total, foram transplantados 196 centímetros quadrados de tecido.

Estímulos em ordem
A operação ocorreu em dezembro. Foram 22 horas de cirurgia, com a participação de 14 médicos e 30 assistentes. Além de voltar a sentir cheiros e se alimentar, a paciente também voltou a respirar sozinha.
Todos os receptores, tanto os do nariz, para o cheiro, quanto os da boca, para o gosto, estão funcionando bem, disse Siemionow, que está "há 20 anos se preparando para essa operação".
Agora, a clínica trabalha em outras linhas de pesquisa, para resolver novos problemas, como transplante de rosto de pessoas que tiveram câncer -pacientes que apresentam maiores chances de desenvolver rejeição a um novo tipo de tecido.


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