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Narcisismo deixa de ser doença na nova "Bíblia" da psiquiatria
Manual de transtornos mentais eliminará da lista atual 5 distúrbios
CHARLES ZANOR
DO "NEW YORK TIMES"
A quinta edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais, previsto para ser lançado em 2013,
e conhecido como DSM-5, eliminou cinco transtornos de
personalidade listados na
edição atual.
O distúrbio de personalidade narcisista (DPN) é o
mais conhecido deles. A
maioria dos leigos tem uma
boa ideia do que seja o narcisismo, mas a definição formal é mais precisa do que a
do dicionário.
O requisito principal para
o DPN é um senso grandioso
de autoestima e um erro de
cálculo de suas habilidades,
muitas vezes acompanhado
por fantasias de superioridade. O segundo requisito é que
ele espera que os outros reconheçam suas qualidades.
Os narcisistas não têm noção sobre como as coisas parecem da perspectiva dos outros. São muito sensíveis ao
serem ignorados, mas dificilmente reconhecem quando
fazem isso com os outros.
É uma incógnita o porquê
do manual do comitê sobre
distúrbios de personalidade
decidir tirar o DPN da lista.
Um dos críticos é o psiquiatra de Harvard John
Gunderson. Questionado sobre o que achou da eliminação, disse que o manual mostrou o quão "ignorante" é o
comitê. "Eles têm pouco conhecimento sobre o dano
que podem estar causando."
Ele também culpou a abordagem dimensional, método
de diagnóstico de distúrbio
de personalidade que é novo
para a DSM. Consiste em fazer um diagnóstico global do
distúrbio para determinado
paciente, e então, selecionar
traços particulares de uma
lista para melhor descrever
aquele paciente.
Isto é um contraste com a
abordagem que tem sido usada há 30 anos: a síndrome
narcisista é definida por um
conjunto de traços ligados, e
o paciente é classificado naquele perfil.
A ideia de substituir o
diagnóstico padrão do DPN
pelo dimensional como "distúrbio de personalidade com
traços narcisistas e manipuladores" não vai dar certo.
Jonathan Shedler, psicólogo da Universidade de Colorado, disse: "Os médicos estão acostumados a pensar
em termos de síndromes, e
não traços separados. Já os
pesquisadores pensam em
termos de variáveis, e há
uma cisma enorme". Ele disse que o comitê foi formado
"por acadêmicos que não
atuam na prática clínica".
Há 30 anos o DSM tem sido
o padrão inquestionável que
os médicos consultam ao
diagnosticar distúrbios mentais. Quando um diagnóstico
é modificado ou excluído, isso não é pouca coisa.
Gunderson escreveu uma
carta coassinada por outros
pesquisadores e médicos à
Associação Psiquiátrica
Americana e à força-tarefa
que dirige a DSM-5.
CHARLES ZANOR é psicólogo em West
Springfield, Massachusetts (EUA)
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