|
Próximo Texto | Índice
Crise aumenta estresse e procura por check-ups
Último trimestre de 2008 registrou subida de níveis de estresse de 64% para 75%
Exposição aos hormônios gerados pelo nervosismo pode provocar taquicardia, baixa da imunidade, úlceras e ainda infarto do miocárdio
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise econômica tem elevado o nível de estresse de executivos brasileiros e aumentado a
procura por serviços cardiológicos e de check-up médico. O
estresse, apontam os estudos,
vem acompanhado de insônia,
hipertensão e colesterol ruim.
Levantamento da Med-Rio,
empresa especializada em
check-up médico, mostra que
no último trimestre de 2008 os
níveis de estresse (medidos por
meio das dosagens dos hormônios cortisol e adrenalina) cresceram 11 pontos percentuais
(de 64% para 75%) em relação
ao mesmo período de 2007. A
empresa carioca realiza por
mês em média 400 check-ups.
A exposição permanente a altas doses dos hormônios gerados pelo estresse pode provocar aumento da pressão arterial, taquicardia, baixa da imunidade, úlceras, infarto do miocárdio, insônia e queda do desejo sexual, segundo o diretor-médico da Med-Rio, Gilberto
Ururahy, especialista em medicina preventiva.
A longo prazo, a pressão alta,
cujo prognóstico é ainda pior se
associada a má alimentação e
falta de exercício, também pode elevar o risco de ataques cardíacos e derrames.
"A pessoa entra em um ciclo
em que ela dorme mal, come
mal, toma muito café, não faz
exercício. Tem executivo tomando uma garrafa térmica de
café por dia", conta Ururahy.
Nos trimestres analisados
pela empresa, as taxas de insônia dos executivos passaram de
18% para 22%, e as de hipertensão, de 19% para 22%.
Segundo Ururahy, também
tem crescido o número de profissionais que se automedicam,
especialmente com ansiolíticos
e hipnóticos, para induzir o sono. Os índices passaram de 12%
para 16% no período analisado.
O serviço de check-up do
Fleury Medicina e Saúde, de
São Paulo, também registrou
aumento de procura após o início da crise econômica, no ano
passado. Houve 43% mais
clientes no último trimestre de
2008 em comparação com o
mesmo período de 2007.
Uma das razões para o crescimento, na avaliação da médica
Debora Stiebler, é que as pessoas, mais estressadas e conscientes de que deixaram a saúde em segundo plano, correm
para checar os prejuízos. "É comum, em momentos de crise e
de tensão, as pessoas deixarem
de fazer atividade física, diminuírem as horas de descanso e
esquecerem o café da manhã.
Elas precisam lembrar que isso
tem um preço", diz.
Crises mundiais
Alguns estudos já começaram a computar, de forma científica, esses prejuízos causados
pelas crises econômicas ao coração ao longo da história.
Uma pesquisa da Universidade Cambridge comparou dados
dos últimos 40 anos do Banco
Mundial e da Organização
Mundial de Saúde e concluiu
que, em momentos de turbulência dos mercados, o número
de mortes por doenças cardíacas sobe 6,4% nos países ricos.
Para o médico David Sruckler, chefe da pesquisa em
Cambridge, nos países em desenvolvimento, o número de
mortes deve ser maior por conta da preocupação das pessoas
em preservar recursos economizados com dificuldade.
Próximo Texto: Foco: Britânica infértil tem 2º bebê gerado com óvulo e útero de suas duas irmãs Índice
|