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Pesquisa liga enxaqueca a risco reduzido de câncer de mama
Segundo estudo, chance de tumor é 26% menor em quem tem dor de cabeça
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo publicado na última edição do periódico científico "Cancer, Epidemiology, Biomarkers and Prevention" constatou que mulheres que sofrem
de enxaqueca têm um risco
26% menor de desenvolver
câncer de mama.
Para chegar ao resultado,
cientistas norte-americanos do
Fred Hutchinson Cancer Research Center avaliaram o histórico de enxaqueca e compararam os dados de 4.568 pacientes de câncer de mama com
4.678 mulheres consideradas o
grupo controle. Todas tinham
entre 35 e 64 anos.
Os autores observaram que a
redução do risco foi similar tanto nas mulheres na pré-menopausa quanto naquelas que já
estavam na menopausa. A queda na incidência de câncer também não foi relacionada à idade
em que a mulher recebeu o
diagnóstico de enxaqueca nem
ao uso de medicação para controlar a dor de cabeça.
Hormônios
Segundo os autores do trabalho, não é possível saber como a
enxaqueca confere essa proteção contra o tumor de mama.
Mas sabe-se que a dor tem um
forte componente hormonal
que, provavelmente, está relacionado ao resultado.
Estudos anteriores apontam
forte relação dos hormônios reprodutivos, como o estrógeno,
tanto com a enxaqueca quanto
com o tumor de mama.
Os pesquisadores também
avaliaram a relação entre os gatilhos da enxaqueca, como consumo de álcool, cigarro e uso de
contraceptivos orais, e o tumor,
já que alguns deles -caso do álcool- são considerados fatores
de risco para o câncer de mama.
Ao comparar mulheres com e
sem enxaqueca que nunca haviam sido expostas a esses fatores, os autores notaram a mesma redução no risco entre as
que sofrem de enxaqueca.
"O dado é surpreendente e
não tem uma explicação óbvia",
opina o neurologista Mario Peres, do Hospital Israelita Albert
Einstein. "Pode ter relação com
a interferência dos hormônios,
mas também pode ser um achado ao acaso", diz ele.
A mesma equipe de cientistas já tinha conduzido um estudo que chegou a conclusões parecidas, publicado em novembro passado. Naquela época,
eles haviam avaliado um número menor de pacientes.
Os autores afirmam que mais
pesquisas são necessárias para
elucidar os mecanismos por
trás do achado, bem como avaliar fatores como severidade da
enxaqueca, frequência das crises e uso de alguns remédios e o
desenvolvimento de câncer.
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