São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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Pesquisa liga enxaqueca a risco reduzido de câncer de mama

Segundo estudo, chance de tumor é 26% menor em quem tem dor de cabeça

GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo publicado na última edição do periódico científico "Cancer, Epidemiology, Biomarkers and Prevention" constatou que mulheres que sofrem de enxaqueca têm um risco 26% menor de desenvolver câncer de mama.
Para chegar ao resultado, cientistas norte-americanos do Fred Hutchinson Cancer Research Center avaliaram o histórico de enxaqueca e compararam os dados de 4.568 pacientes de câncer de mama com 4.678 mulheres consideradas o grupo controle. Todas tinham entre 35 e 64 anos.
Os autores observaram que a redução do risco foi similar tanto nas mulheres na pré-menopausa quanto naquelas que já estavam na menopausa. A queda na incidência de câncer também não foi relacionada à idade em que a mulher recebeu o diagnóstico de enxaqueca nem ao uso de medicação para controlar a dor de cabeça.

Hormônios
Segundo os autores do trabalho, não é possível saber como a enxaqueca confere essa proteção contra o tumor de mama. Mas sabe-se que a dor tem um forte componente hormonal que, provavelmente, está relacionado ao resultado.
Estudos anteriores apontam forte relação dos hormônios reprodutivos, como o estrógeno, tanto com a enxaqueca quanto com o tumor de mama.
Os pesquisadores também avaliaram a relação entre os gatilhos da enxaqueca, como consumo de álcool, cigarro e uso de contraceptivos orais, e o tumor, já que alguns deles -caso do álcool- são considerados fatores de risco para o câncer de mama. Ao comparar mulheres com e sem enxaqueca que nunca haviam sido expostas a esses fatores, os autores notaram a mesma redução no risco entre as que sofrem de enxaqueca.
"O dado é surpreendente e não tem uma explicação óbvia", opina o neurologista Mario Peres, do Hospital Israelita Albert Einstein. "Pode ter relação com a interferência dos hormônios, mas também pode ser um achado ao acaso", diz ele.
A mesma equipe de cientistas já tinha conduzido um estudo que chegou a conclusões parecidas, publicado em novembro passado. Naquela época, eles haviam avaliado um número menor de pacientes.
Os autores afirmam que mais pesquisas são necessárias para elucidar os mecanismos por trás do achado, bem como avaliar fatores como severidade da enxaqueca, frequência das crises e uso de alguns remédios e o desenvolvimento de câncer.


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