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Enxaqueca crônica faz dobrar risco de infarto, diz estudo
Pesquisa mostra que esses pacientes têm também mais chance de derrame e de outros problemas, como diabetes
Conclusões do estudo valem para enxaqueca com e sem aura (alterações visuais); trabalho comparou dados de mais de 10 mil pessoas
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pessoas que sofrem de enxaqueca têm o dobro do risco de
sofrer um infarto, revela um estudo da Yeshiva University, nos
Estados Unidos, que acaba de
ser publicado na "Neurology".
Segundo o artigo, esses pacientes também têm mais
chance de sofrer derrames e de
desenvolver outros fatores de
risco cardiovascular. O achado
vale para a enxaqueca com e
sem aura (alterações visuais).
Estudos anteriores já haviam
relacionado a aura ao aumento
do risco de derrames.
De acordo com os autores, o
trabalho sugere que a enxaqueca não é uma condição isolada e
que, ao tratar um paciente, os
outros fatores de risco devem
ser levados em conta.
Para chegar aos resultados,
os pesquisadores compararam
dados de 6.102 pacientes com
enxaqueca crônica e de 5.243
pessoas que não sofriam da
doença. Todos os participantes
completaram questionários sobre saúde em geral, frequência,
severidade e sintomas das dores de cabeça e dados sobre
eventos cardiovasculares.
As pessoas que sofriam de
enxaqueca tinham duas vezes
mais chance de infarto -os
portadores do tipo com aura tinham três vezes mais chance.
Aqueles que sofriam com a
dor de cabeça crônica também
tinham 50% mais risco de ter
diabetes, hipertensão e altos
níveis de colesterol no sangue.
Segundo os autores, haveria
um mecanismo comum associando a dor de cabeça e o infarto. Eles especulam que essas
pessoas têm lesões no endotélio (camada interna dos vasos
sanguíneos), que aumentariam
o risco cardiovascular.
"Os motivos para o aumento
do risco ainda não estão esclarecidos", ressalva o neurologista Deusvenir de Souza Carvalho, da Universidade Federal de
São Paulo. Mas sabe-se que na
enxaqueca há alterações neuroquímicas e vasculares e que
as plaquetas do sangue se comportam de forma diferente nas
crises, o que poderia prejudicar
o fluxo sanguíneo.
Por isso, os especialistas
acreditam que o bom controle
das crises de enxaqueca pode
reduzir o risco cardiovascular.
"Quem tem enxaqueca muitas vezes tem outros fatores de
risco associados, como estresse, má qualidade de sono e fatores hormonais", acrescenta o
neurologista Mario Peres, do
hospital Albert Einstein.
Hoje há vários medicamentos usados para prevenir as crises e boas opções para aliviar a
dor. Mas o controle da doença
envolve mudanças nos hábitos
de vida, que incluem boa qualidade de sono e alimentação,
evitar gatilhos e controlar o estresse. "Entre 70% e 80% dos
pacientes conseguem controlar
a doença com remédios e estilo
de vida", diz Carvalho.
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