São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Ler rótulo de comida ajuda a emagrecer

Prestar atenção às informações sobre alimentos é mais eficaz do que fazer exercícios, mostra pesquisa americana

"Dieta de letras" funciona, mas não basta ler a embalagem: é preciso interpretar os dados e fazer cálculos


JULIANA VINES
DE SÃO PAULO

Ler rótulos de alimentos pode ser mais eficaz para perder peso do que fazer exercícios. Pelo menos é o que diz uma pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
O estudo avaliou 12 mil americanos nascidos entre 1957 e 1964. Entre os participantes, 25% praticavam atividade física e 50% tinham o hábito de ler rótulos.
O resultado é que os que liam embalagens emagreceram mais do que aqueles que faziam atividade física, mas não estavam atentos às informações sobre os alimentos.
Mulheres de 37 a 50 anos foram as que tiveram os melhores resultados. O trabalho foi publicado na última edição do "The Journal Of Consumers Affairs".
Segundo especialistas, a "dieta do rótulo" funciona mesmo. "Saber o que estamos comendo faz diferença. Pessoas bem informadas comem melhor", diz o médico nutrólogo Fábio Ancona Lopez, professor da Unifesp.
O rótulo só vai fazer diferença, porém, se a pessoa souber interpretá-lo.
O que não é nada simples, de acordo com a endocrinologista Rosana Radominski, membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
"Embalagens não são autoexplicativas. É preciso saber o que cada nutriente quer dizer e, às vezes, fazer alguns cálculos."
Sabendo interpretar, dá para comparar produtos parecidos e escolher aquele que contém os melhores valores nutricionais.
"Entre um biscoito recheado e outro, podemos optar pelo que tem mais fibras e menos gordura saturada, por exemplo", diz a nutricionista Sílvia Martinez, especialista em rotulagem de alimentos.

ALÉM DAS CALORIAS
Qual a primeira coisa que você repara no rótulo? As calorias, claro. Para Martinez, há outras informações tão ou mais importantes.
Uma delas é a denominação de venda -a descrição fiel do que é o produto, que fica no pé da embalagem. Assim, você compra hambúrguer, sem ler que trata-se de carne bovina misturada a carne suína. "Reparamos só no nome comercial, compramos uma coisa por outra."
Depois disso, a nutricionista Alexandra Tavares de Melo, uma das responsáveis pela atualização do Banco de Dados da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, recomenda olhar a quantidade de fibras e de sódio.
"Nosso consumo de fibras é baixo e o de sódio é alto, principalmente se a pessoa ingerir muitos alimentos industrializados."
Outro ponto importante é a quantidade de gorduras totais e trans. Muitos alimentos diet, sem açúcar, têm mais gordura. Por outro lado, os light, com baixo teor de gordura, às vezes exageram na quantidade de açúcares e carboidratos.
De acordo com a nutricionista Mônica Beyruti, da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), não reparar no teor de gordura pode fazer com que a pessoa caia em armadilhas.
"O requeijão light tem mais gordura do que a maionese light, rica em gorduras poli-insaturadas, que são mais saudáveis."

QUAL É A PORÇÃO?
Para todos os cálculos, é essencial considerar o fracionamento que o fabricante estabeleceu para elaborar a tabela.
"Essa informação é a que mais confunde. A porção é diferente para cada alimento e é preciso fazer contas para comparar um com outro", afirma Lopez.


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