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Ler rótulo de comida ajuda a emagrecer
Prestar atenção às informações sobre alimentos é mais eficaz do que fazer exercícios, mostra pesquisa americana
"Dieta de letras" funciona, mas não basta ler a embalagem: é preciso interpretar os dados e fazer cálculos
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Ler rótulos de alimentos
pode ser mais eficaz para perder peso do que fazer exercícios. Pelo menos é o que diz
uma pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
O estudo avaliou 12 mil
americanos nascidos entre
1957 e 1964. Entre os participantes, 25% praticavam atividade física e 50% tinham o
hábito de ler rótulos.
O resultado é que os que
liam embalagens emagreceram mais do que aqueles que
faziam atividade física, mas
não estavam atentos às informações sobre os alimentos.
Mulheres de 37 a 50 anos
foram as que tiveram os melhores resultados. O trabalho
foi publicado na última edição do "The Journal Of Consumers Affairs".
Segundo especialistas, a
"dieta do rótulo" funciona
mesmo. "Saber o que estamos comendo faz diferença.
Pessoas bem informadas comem melhor", diz o médico
nutrólogo Fábio Ancona Lopez, professor da Unifesp.
O rótulo só vai fazer diferença, porém, se a pessoa
souber interpretá-lo.
O que não é nada simples,
de acordo com a endocrinologista Rosana Radominski,
membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
"Embalagens não são autoexplicativas. É preciso saber o que cada nutriente quer
dizer e, às vezes, fazer alguns
cálculos."
Sabendo interpretar, dá
para comparar produtos parecidos e escolher aquele que
contém os melhores valores
nutricionais.
"Entre um biscoito recheado e outro, podemos optar
pelo que tem mais fibras e
menos gordura saturada, por
exemplo", diz a nutricionista
Sílvia Martinez, especialista
em rotulagem de alimentos.
ALÉM DAS CALORIAS
Qual a primeira coisa que
você repara no rótulo? As calorias, claro. Para Martinez,
há outras informações tão ou
mais importantes.
Uma delas é a denominação de venda -a descrição
fiel do que é o produto, que fica no pé da embalagem. Assim, você compra hambúrguer, sem ler que trata-se de
carne bovina misturada a
carne suína. "Reparamos só
no nome comercial, compramos uma coisa por outra."
Depois disso, a nutricionista Alexandra Tavares de
Melo, uma das responsáveis
pela atualização do Banco de
Dados da Tabela Brasileira
de Composição de Alimentos, recomenda olhar a quantidade de fibras e de sódio.
"Nosso consumo de fibras
é baixo e o de sódio é alto,
principalmente se a pessoa
ingerir muitos alimentos industrializados."
Outro ponto importante é
a quantidade de gorduras totais e trans. Muitos alimentos
diet, sem açúcar, têm mais
gordura. Por outro lado, os
light, com baixo teor de gordura, às vezes exageram na
quantidade de açúcares e
carboidratos.
De acordo com a nutricionista Mônica Beyruti, da
Abeso (Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e
Síndrome Metabólica), não
reparar no teor de gordura
pode fazer com que a pessoa
caia em armadilhas.
"O requeijão light tem
mais gordura do que a maionese light, rica em gorduras
poli-insaturadas, que são
mais saudáveis."
QUAL É A PORÇÃO?
Para todos os cálculos, é
essencial considerar o fracionamento que o fabricante estabeleceu para elaborar a tabela.
"Essa informação é a que
mais confunde. A porção é
diferente para cada alimento
e é preciso fazer contas para
comparar um com outro",
afirma Lopez.
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