São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Pesquisa questiona eficácia de colonoscopia para rastrear câncer

Médicos brasileiros discordam e dizem que exame é considerado o melhor

FERNANDA BASSETTE
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo publicado nesta semana no jornal "Annals of Internal Medicine" aponta que a colonoscopia (exame feito para rastreamento de câncer colorretal) não é tão eficaz quanto se imaginava. Segundo os pesquisadores, o exame não consegue detectar com precisão as lesões pré-cancerígenas no lado direito do cólon. Por isso, a eficácia do exame para a prevenção do câncer colorretal cairia de 90% para cerca de 60% a 70%.
Especialistas brasileiros ouvidos pela Folha discordaram dos resultados do estudo e afirmaram que o exame ainda é considerado a melhor forma de prevenir o câncer colorretal.
Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Bruno Zilberstein, professor da Faculdade de Medicina da USP, uma colonoscopia bem feita é capaz de detectar 99% das lesões.
Além disso, segundo ele, já era de conhecimento dos médicos que é mais difícil localizar lesões no lado direito do cólon por causa da dificuldade de movimentar o aparelho.
"Primeiro o aparelho entra no reto, depois no lado esquerdo, depois no cólon transverso e, por último, no lado direito. É preciso fazer manobras especiais e dobrar o aparelho adequadamente para superar as dobras do cólon. Isso é complicado para quem não tem prática", disse Zilberstein.
A mesma opinião é compartilhada pela gastroenterologista Nora Manoukian Forones, responsável pelo setor de oncologia gástrica da Universidade Federal de São Paulo. "É difícil localizar lesões no lado direito para quem não tem experiência. Mas as colonoscopias no Brasil são feitas por médicos endoscopistas. Em geral, eles são bem treinados para isso."

Melhor método
O oncologista Fauze Maluf, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, afirma que a colonoscopia é, comprovadamente, o melhor método existente para a detecção do câncer colorretal e de lesões precursoras. "Nem o exame de sangue, nem o raio-X, nem a tomografia são tão eficazes", afirma.
Maluf ressalta que o câncer de cólon e reto é muito comum e que as pessoas devem fazer a colonoscopia. "Nenhum exame é perfeito. A colonoscopia pode apresentar falhas em cerca de 10% dos casos", avalia.
Os três especialistas citam o preparo inadequado do cólon como outro fator que pode prejudicar a realização do exame com exatidão. "O cólon precisa estar limpo para que o médico visualize as lesões corretamente. Se o paciente não estiver preparado, o exame deve ser refeito", explica Zilberstein.
Maluf afirma, ainda, que é preciso cumprir o tempo recomendado para a retirada do equipamento. "Tem que ser de, no mínimo, seis minutos."


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