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Remédios terão que ficar atrás do balcão, diz Anvisa
Fitoterápicos e sprays são dos poucos produtos que poderão estar nas gôndolas
Hoje, só medicamento com receita tem que ficar fora do alcance; agência limitou também a venda de pilhas, sorvetes e brinquedos
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Medicamentos isentos de
prescrição, como analgésicos e
antitérmicos, terão que ficar
atrás do balcão de farmácias e
drogarias. Os únicos que poderão ser disponibilizados em
gôndolas serão fitoterápicos,
pomadas, sprays e substâncias
mais simples, como água boricada e bicarbonato de sódio.
Hoje, só produtos que exigem
receita ficam atrás do balcão.
As regras foram publicadas
ontem pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária). Os estabelecimentos têm
180 dias para se adaptar.
A agência também limitou o
que pode ou não ser vendido
nas cerca de 70 mil farmácias e
drogarias do país, definiu as atividades que o farmacêutico pode exercer e regulamentou a
venda de medicamentos por internet, telefone ou correio.
Para restringir o número de
produtos ao alcance do consumidor, o órgão se baseou em
dados sobre efeitos adversos de
medicamentos isentos de prescrição. Até junho, haviam sido
registradas 42 notificações de
reações adversas desse tipo.
Delas, 21 foram consideradas
graves. É o caso, por exemplo,
de sangramento gástrico após o
uso de ácido acetilsalicílico, de
edema facial após uso de paracetamol e de taquicardia após
uso de dipirona. A Anvisa diz
também que produtos como
esses podem mascarar sintomas de doenças mais sérias.
Procurada ontem, a Abimip
(Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição) não se pronunciou até o fechamento desta edição. Em manifestações
anteriores, o secretário-geral
da entidade, Sálvio di Girólamo, disse temer que a nova regra induzisse à "empurroterapia" (quando farmacêuticos indicam drogas similares em
substituição a medicamentos
de marca ou genéricos em troca
de comissão dos fabricantes).
O presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, diz que as
empresas deveriam ter a preocupação ética de não patrocinar práticas como essas e argumenta que a medida permite ao
consumidor ter mais informação sobre o medicamento.
Proibidos
Pelas novas regras, além de
remédios, as farmácias podem
vender perfumes, cosméticos,
preservativos, testes de gravidez, tesouras de unha, pentes,
chupetas, mamadeiras, mel,
chás, adoçantes, shakes, isotônicos e papinha de criança.
Estão proibidos produtos como brinquedos, pilhas e sorvetes. A justificativa da Anvisa é
que, ao se ocupar da venda de
artigos como esses, as farmácias acabaram deixando de oferecer serviços de saúde, como a
aplicação de injeções.
Os farmacêuticos poderão
medir temperatura, pressão e
glicemia na ponta do dedo, inclusive em domicílio. Caso encontrem variações, orientarão
o consumidor a ir a um médico.
Já a venda de medicamentos
por internet, correio ou telefone só poderá ser feita por farmácias e drogarias que existam
fisicamente e que contem com
um farmacêutico para dar informações. Não poderão ser comercializados medicamentos
de tarja preta -nos produtos
com exigência de prescrição, a
receita deverá ser enviada por
correio, fax ou e-mail.
As sanções para quem descumprir as regras vão desde R$
2.000 até R$ 1,5 milhão. A fiscalização caberá aos órgãos de vigilância sanitária (federal, estaduais e municipais).
Fitoterápicos
A farmacêutica Patrícia Medeiros de Souza, professora da
UnB (Universidade de Brasília), considera que todos os fitoterápicos deveriam ser vendidos "atrás do balcão", pois eles
não são totalmente inofensivos
e podem provocar interações
com outros remédios.
Segundo Souza, quando consumidos com outras drogas, os
fitoterápicos podem diminuir a
eficácia de determinado medicamento ou aumentar a toxicidade. "E, normalmente, quem
toma fitoterápico não comenta
com o médico, porque acha que
eles não causam nenhum mal."
Colaborou FERNANDA BASSETTE ,
da Reportagem Local
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