São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Remédios terão que ficar atrás do balcão, diz Anvisa

Fitoterápicos e sprays são dos poucos produtos que poderão estar nas gôndolas

Hoje, só medicamento com receita tem que ficar fora do alcance; agência limitou também a venda de pilhas, sorvetes e brinquedos

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Medicamentos isentos de prescrição, como analgésicos e antitérmicos, terão que ficar atrás do balcão de farmácias e drogarias. Os únicos que poderão ser disponibilizados em gôndolas serão fitoterápicos, pomadas, sprays e substâncias mais simples, como água boricada e bicarbonato de sódio.
Hoje, só produtos que exigem receita ficam atrás do balcão.
As regras foram publicadas ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os estabelecimentos têm 180 dias para se adaptar.
A agência também limitou o que pode ou não ser vendido nas cerca de 70 mil farmácias e drogarias do país, definiu as atividades que o farmacêutico pode exercer e regulamentou a venda de medicamentos por internet, telefone ou correio.
Para restringir o número de produtos ao alcance do consumidor, o órgão se baseou em dados sobre efeitos adversos de medicamentos isentos de prescrição. Até junho, haviam sido registradas 42 notificações de reações adversas desse tipo.
Delas, 21 foram consideradas graves. É o caso, por exemplo, de sangramento gástrico após o uso de ácido acetilsalicílico, de edema facial após uso de paracetamol e de taquicardia após uso de dipirona. A Anvisa diz também que produtos como esses podem mascarar sintomas de doenças mais sérias.
Procurada ontem, a Abimip (Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição) não se pronunciou até o fechamento desta edição. Em manifestações anteriores, o secretário-geral da entidade, Sálvio di Girólamo, disse temer que a nova regra induzisse à "empurroterapia" (quando farmacêuticos indicam drogas similares em substituição a medicamentos de marca ou genéricos em troca de comissão dos fabricantes).
O presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, diz que as empresas deveriam ter a preocupação ética de não patrocinar práticas como essas e argumenta que a medida permite ao consumidor ter mais informação sobre o medicamento.

Proibidos
Pelas novas regras, além de remédios, as farmácias podem vender perfumes, cosméticos, preservativos, testes de gravidez, tesouras de unha, pentes, chupetas, mamadeiras, mel, chás, adoçantes, shakes, isotônicos e papinha de criança.
Estão proibidos produtos como brinquedos, pilhas e sorvetes. A justificativa da Anvisa é que, ao se ocupar da venda de artigos como esses, as farmácias acabaram deixando de oferecer serviços de saúde, como a aplicação de injeções.
Os farmacêuticos poderão medir temperatura, pressão e glicemia na ponta do dedo, inclusive em domicílio. Caso encontrem variações, orientarão o consumidor a ir a um médico.
Já a venda de medicamentos por internet, correio ou telefone só poderá ser feita por farmácias e drogarias que existam fisicamente e que contem com um farmacêutico para dar informações. Não poderão ser comercializados medicamentos de tarja preta -nos produtos com exigência de prescrição, a receita deverá ser enviada por correio, fax ou e-mail.
As sanções para quem descumprir as regras vão desde R$ 2.000 até R$ 1,5 milhão. A fiscalização caberá aos órgãos de vigilância sanitária (federal, estaduais e municipais).

Fitoterápicos
A farmacêutica Patrícia Medeiros de Souza, professora da UnB (Universidade de Brasília), considera que todos os fitoterápicos deveriam ser vendidos "atrás do balcão", pois eles não são totalmente inofensivos e podem provocar interações com outros remédios.
Segundo Souza, quando consumidos com outras drogas, os fitoterápicos podem diminuir a eficácia de determinado medicamento ou aumentar a toxicidade. "E, normalmente, quem toma fitoterápico não comenta com o médico, porque acha que eles não causam nenhum mal."

Colaborou FERNANDA BASSETTE , da Reportagem Local



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