|
Próximo Texto | Índice
Antes do Carnaval, registros de dengue sobem 153% na BA
A situação está controlada em Salvador, mas especialistas temem aumento no número de casos durante o feriado
Proteção contra o mosquito deve ser feita com uso de repelente; outras doenças, como conjuntivite, também crescem nesta época do ano
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Mal o Carnaval começou na
Bahia e os foliões já têm com o
que se preocupar. Ontem, poucas horas antes de os trios elétricos saírem às ruas, a Secretaria da Saúde divulgou a informação de que o Estado já registra, desde o início de 2009,
6.567 casos de dengue -um aumento de 153% em relação ao
mesmo período de 2008.
A doença provocou a morte
de seis pessoas -quatro em
Porto Seguro, uma em Jequié e
uma em Itabuna. Em todo o
ano passado, foram 15.
Em Salvador, a situação está
controlada, mas os médicos temem um aumento no número
de casos por conta do feriado.
Paulo Olzon, infectologista
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que o
perigo em eventos com grande
aglomeração de pessoas é que o
mosquito tem mais gente para
picar e, assim, o vírus pode se
espalhar mais rapidamente.
Para Caio Rosenthal, do Instituto de Infectologia Emílio
Ribas, o que pode acontecer
também é o turista, por não estar habituado às medidas preventivas adotadas em determinada localidade, "furar os hábitos de combate à dengue."
Desde o início do ano em Salvador, segundo a Secretaria da
Saúde, foram registrados 119
casos da doença (cinco deles da
variedade hemorrágica). A Secretaria da Saúde diz ainda que
135 dos 417 municípios da Bahia (ou 32%) já apresentam registros da doença neste ano.
Em Itabuna (429 km ao sul
de Salvador), a prefeitura decretou emergência por causa da
dengue -900 casos foram registrados nos últimos 45 dias.
Em Porto Seguro (705 km da
capital), o segundo polo turístico do Estado, os técnicos da
prefeitura temem a redução do
número de visitantes até o fim
do verão devido à doença.
No Rio de Janeiro, que viveu
surto da doença em 2007, a situação está mais controlada,
mas o Ministério da Saúde recomenda não baixar a guarda e
manter as medidas de prevenção e a atenção aos sintomas.
Febre amarela
Quem vai passar o feriado em
municípios menores ou opta
por ir a áreas rurais deve ficar
atento a outra doença: a febre
amarela. "Tivemos, do fim de
2007 para 2008, uma série de
casos em regiões onde as pessoas costumam passar o Carnaval, como o interior de Goiás ou
as cidades históricas", diz o infectologista Jessé Alves, responsável pela consulta do viajante do laboratório Fleury.
No Rio Grande do Sul, há 134
cidades sob risco de febre amarela. Quatro mortes já foram
registradas no Estado.
A recomendação é tomar a
vacina ao menos dez dias antes
de chegar aos locais. Para quem
se esqueceu, Alves diz que vale
a pena se imunizar mesmo assim. "Não há proteção total
nesse caso, mas é melhor do
que não tomar."
Karis Rodrigues, médica do
Cives (Centro de Informação
em Saúde para Viajantes), da
UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), chama a
atenção para o problema da falta de saneamento em cidades
menores sobrecarregadas pelo
número de turistas, o que aumenta o risco de doenças transmitidas pela contaminação na
água e em alimentos, como hepatite A, diarreia e verminoses.
Especialistas também alertam para os riscos de problemas oculares como conjuntivites, não só pelo contato com
mais gente mas pelo uso de
produtos químicos, como maquiagem e filtro solar.
O uso prolongado de lentes e
o contato simultâneo com o
cloro da piscina e a areia da
praia ainda podem desencadear um tipo de conjuntivite
química.
O mais indicado é substituir a
lente por óculos com proteção
contra os raios ultravioleta na
praia ou piscina.
Colaboraram MATHEUS PICHONELLI e JOSÉ
EDUARDO RONDON , da Agência Folha
Próximo Texto: Brasil produzirá matéria-prima para insulina a partir de 2011 Índice
|