São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Eficácia de PSA na redução de morte por tumor na próstata é questionada

Um estudo diz que exame não salva vidas; outro verifica diminuição da mortalidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois novos estudos sobre câncer de próstata publicados no "New England Journal of Medicine" chegam a diferentes conclusões sobre o PSA, o exame que avalia a quantidade de proteína produzida pela próstata e pode indicar a presença de tumor. O primeiro, americano, diz que o exame não salva vidas. O segundo, europeu, indica que o teste reduziu em 20% o índice de mortalidade.
Na semana passada, a Folha publicou resultados de outro estudo, da Universidade Johns Hopkins (EUA), que apontava que o teste não tinha eficácia para idosos acima de 75 anos. Os achados reacendem a polêmica sobre a eficácia ou não do exame na prevenção do câncer.
No ano passado, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) desaconselhou o PSA como teste de rotina, mas logo depois reconsiderou a decisão e mantém a orientação de que o exame deva ser feito como medida preventiva. A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) também recomenda o PSA.
O estudo norte-americano acompanhou 76.693 homens de 55 a 75 anos em dez cidades e não observou diferenças no número de mortes no grupo que realizou o exame e naquele que não fez o teste.
Para Carlos Corradi, chefe do Departamento de Uro-oncologia da SBU, o estudo americano não é conclusivo. "O resultado final será divulgado daqui a alguns anos. Ainda é cedo para afirmar que o "screening" não ajuda. Um estudo de câncer de próstata deve ter no mínimo 20 anos para dar uma resposta mais conclusiva."
O urologista Miguel Srougi, professor da USP, aponta ao menos dois problemas no estudo americano. No grupo que fez os exames, foram excluídos, de antemão, os homens que já tinham tumor de próstata, enquanto no grupo controle -que não passou pelo "screening"- alguns participantes fizeram os testes preventivos por conta própria. "Isso pode enviesar os resultados."
O estudo europeu, que avaliou 162.243 homens de 55 a 69 anos em sete países, chegou a uma conclusão parecida: verificou uma diminuição na mortalidade de 20%. "Para o câncer de próstata diagnosticado em estágio avançado não há cura. Por isso, o check-up é fundamental", avalia Corradi. (CC)


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