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Uma dose de radioterapia trata câncer de mama
Sessão única durante a cirurgia é eficaz para tumores em fase inicial
Pesquisa mostra que a aplicação tem resultado semelhante ao do tratamento tradicional, feito em cinco semanas
FERNANDA BASSETTE
DE SÃO PAULO
Uma única dose de radioterapia, aplicada logo após a
retirada do tumor, é tão eficaz contra o câncer de mama
quanto o tratamento convencional, feito em 30 sessões
externas.
A conclusão é de um estudo que envolveu 2.232 mulheres com câncer ductal invasivo (o mais comum) submetidas à cirurgia conservadora da mama.
Elas tinham, em média, 63
anos, e 86% dos tumores tinham menos de 2 cm (estágio
inicial). Os resultados foram
publicados no "Lancet".
Segundo os autores do estudo, da University College
London, na Inglaterra, 90%
das recorrências do câncer
são no mesmo quadrante de
onde o tumor é retirado -por
isso, uma só sessão após a cirurgia seria eficiente.
As mulheres foram divididas em dois grupos: parte recebeu radioterapia intraoperatória em dose única e parte
fez radioterapia externa convencional, de frações diárias
durante cinco semanas.
Todas foram acompanhadas por quatro anos. As taxas
de recorrência do tumor foram similares: seis no primeiro grupo e cinco no segundo.
Além disso, a radiação intraoperatória foi menos tóxica para as pacientes.
"Os resultados são encorajadores. A intenção da dose
única é evitar que a mulher
receba radioterapia externa,
pois há menos efeito colateral [já que a radiação é localizada, protegendo os tecidos
saudáveis]", diz Maria Aparecida Conte Maia, diretora
do serviço de radioterapia do
Hospital A.C.Camargo.
Maia testa a técnica há cinco anos no hospital -mais de
cem mulheres já receberam o
tratamento localizado.
"A dose aplicada é uma
paulada, o equivalente a 30
dias de radioterapia convencional. Mesmo assim, os nossos resultados mostram que
há beneficios", afirma.
SELECIONADAS
O método não é indicado
para todas as mulheres com
câncer de mama. Ele é restrito para aquelas com tumor
único, em estágio inicial (menos de 3 cm) e que não tenha
atingido as axilas.
"O método não aumenta a
curabilidade nem o controle
local da doença", pondera
Eduardo Weltman, coordenador da radioterapia do
hospital Albert Einstein.
Célia Viegas, subchefe do
serviço de radioterapia do Inca (Instituto Nacional de
Câncer), é cautelosa ao avaliar os resultados.
"A técnica ainda é experimental e não está disponível
em larga escala no Brasil."
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