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Maioria dos casos de fratura na coluna fica sem tratamento
Vértebras quebradas em consequência de osteoporose são confundidas com dores nas costas, dizem médicos
Problema é subdiagnosticado em todo o mundo, segundo fundação internacional que combate a doença
GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
Dois terços das fraturas na
coluna vertebral decorrentes
da osteoporose não são diagnosticados e acabam não
tendo tratamento adequado.
O alerta foi feito pela IOF
(Fundação Internacional da
Osteoporose, na sigla em inglês) ontem, dia mundial de
combate à doença.
Segundo estimativa da organização, a cada 22 segundos ocorre uma fratura vertebral no mundo, a maior parte
em função da osteoporose.
Muitas dessas fraturas são
confundidas com dores nas
costas, daí o subdiagnóstico,
explica o reumatologista Ari
Radu Halpern, do Hospital
Israelita Albert Einstein.
"É comum que essas dores
passem com o tempo e que a
pessoa nem procure um médico para investigar. Às vezes, nem dor a pessoa sente."
Halpern diz que um problema da osteoporose é a falta de sintomas.
A aposentada carioca Eva
Saraiva, 77, só descobriu a
doença depois de quebrar o
fêmur e procurar um médico.
Passou 23 dias internada e
outros seis meses na cama.
Pouco depois da recuperação, teve outra fratura, dessa
vez em uma das vértebras.
"Eu já caía muito, mas não
sabia que tinha osteoporose.
Foi só depois de fraturar o
primeiro osso que descobrimos a doença", conta ela.
Hoje, a aposentada usa
muletas para se movimentar
nas ruas e tem a casa inteira
adaptada para evitar quedas.
"Não tenho tapetes espalhados e há suportes no banheiro para eu não escorregar. Se preciso alcançar algum objeto que fica no alto,
uso um cabo de vassoura."
GRUPOS DE RISCO
A osteoporose é caracterizada pela progressiva diminuição da densidade óssea.
Fatores como histórico familiar, idade avançada e a queda nos níveis de estrogênio
durante a menopausa acabam afetando os suprimentos de cálcio e tornando os
ossos mais frágeis.
Segundo Jamil Natour,
que é professor de reumatologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
pessoas que pertencem a esses grupos ou mantêm hábitos como o sedentarismo e o
consumo de álcool e cigarros
devem despertar a atenção
médica.
"Se há uma fratura em alguém que tenha esses fatores
de risco, então o diagnóstico
de osteoporose se impõe."
Natour lembra que a imobilidade prolongada decorrente das fraturas pode até
matar: "A qualidade de vida
da pessoa diminui. Se ela fica
de cama muito tempo, acaba
tendo mais chances de desenvolver uma pneumonia
ou uma embolia pulmonar".
Para Halpern, o ideal é a
prática de exercícios físicos e
uma dieta rica em cálcio e
proteína, tanto para prevenir
a doença quanto para controlar os seus sintomas.
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