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Exame reduz risco de infecção em transfusão
Teste da Fiocruz, que chega na rede pública em 2010, "encurta" janela imunológica dos vírus da Aids e da hepatite
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde pretende levar para a rede pública
em janeiro de 2010 um exame
de sangue, com tecnologia nacional, que reduz o tempo em
que os vírus da Aids e da hepatite C ficam no organismo sem
serem detectados pelos exames
convencionais.
Com a medida, o governo
busca tornar as transfusões de
sangue realizadas pelo SUS
(Sistema Único de Saúde) mais
seguras. São coletados pouco
mais de 4 milhões de bolsas de
sangue por ano no país, sendo
3,5 milhões no serviço público.
O período em que um vírus
não aparece nos testes é conhecido como janela imunológica.
Pelos exames usados hoje no
SUS, o HIV só é detectado 21
dias após a pessoa ter sido infectada. Com o novo teste, a janela cairá para oito dias.
Assim, o risco de se coletar
sangue contaminado com HIV
passará de 1 bolsa em 250 mil
para 1 bolsa em 3 milhões.
No caso do vírus da hepatite
C, a janela imunológica passará
de 72 dias para 14.
O exame que o governo vai
adotar foi desenvolvido pela
Fundação Oswaldo Cruz e é conhecido pela sigla NAT (teste
de ácido nucleico, em inglês).
Enquanto o teste usado hoje no
SUS, o Elisa, detecta os anticorpos produzidos pelo organismo
na tentativa de destruir o vírus,
o NAT identifica o material genético do próprio vírus.
A janela imunológica do Elisa
é maior porque o organismo da
pessoa infectada leva algum
tempo para produzir os anticorpos. O NAT não depende da
resposta imunológica.
Essa tecnologia foi aprovada
para uso na rede de saúde dos
EUA em 2002. No Brasil, apenas os hospitais privados de
ponta de São Paulo, Rio e Brasília utilizam o NAT.
A Sociedade Brasileira de
Hematologia e Hemoterapia
diz que o governo demorou demais para adotar a tecnologia.
"O governo nunca quis pagar os
preços do mercado. Já estamos
há seis anos atrasados", afirma
Dante Langhi, um dos diretores
da entidade.
Para o Ministério da Saúde, a
espera valeu a pena. "O novo
produto leva vantagem sobre
os NATs disponíveis no mercado internacional. A janela imunológica é menor, e o preço é
80% mais baixo. Além disso, ficamos livres de interesses comerciais", diz Alberto Beltrame, diretor do Departamento
de Atenção Especializada.
O projeto foi encomendado
pelo Ministério da Saúde à Fiocruz em 2004. Também participam dos trabalhos a Universidade Federal do Rio de Janeiro
e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná. Em fevereiro
de 2009, os testes começarão a
ser usados experimentalmente
em alguns Estados.
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