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Síndrome pós-pólio é incluída no catálogo internacional de doenças
Iniciativa brasileira deve beneficiar 60% dos pacientes acometidos pela pólio
RACHEL BOTELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Por iniciativa da Associação
Brasileira da Síndrome Pós-Poliomielite, a síndrome integra,
desde setembro, o catálogo internacional de doenças (CID).
A entidade enviou, pelo representante brasileiro no comitê
que regulamenta o CID, a proposta de inclusão. A decisão deve beneficiar cerca de 60% dos
pacientes acometidos pela pólio que apresentam nova perda
de funções musculares.
"Até então, quem tentava se
aposentar ouvia do INSS que
não há doença nova. Como, se a
pessoa está piorando?", diz
Acary Souza Bulle Oliveira,
chefe do setor de Investigação
em Doenças Neuromusculares
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Segundo o neurologista, um
dos que pleitearam a inclusão
no catálogo, a maior dificuldade do processo foi a ausência de
sintoma, sinal ou exame que a
comprove -motivo pelo qual
sua existência não é consenso.
"Há controvérsias porque não
há um marcador que permita
um diagnóstico específico", diz.
Diagnóstico
Linamara Rizzo Battistella,
secretária dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado
de São Paulo, concorda. "É um
diagnóstico difícil", afirma.
Fraqueza em músculos que não
haviam sido afetados, cansaço,
intolerância ao frio e perdas
funcionais são os principais
problemas relatados. "Há outros, como alteração no sono e
tendência à introspecção, que
se confundem com os de outras
doenças, mas, quando aparecem juntos em uma pessoa que
teve pólio há mais de 15 anos
[deve-se desconfiar da síndrome]", afirma Battistela.
O tratamento para a SPP inclui repouso, fisioterapia e
orientação alimentar.
Aposentadoria
Regina Aparecida Silva, 44,
de Alfenas (MG), teve pólio aos
cinco anos, o que não a impedia
de caminhar três quilômetros
até a escola. Aos 38, dores que
começaram anos antes evoluíram para fraqueza muscular e
depressão. "Trabalhava na horta até não agüentar mais e,
quando me deitava, não tinha
coragem de levantar."
A situação mudou quando
sua irmã, a advogada Ângela de
Fátima Silva, descobriu a síndrome na internet e levou Regina à Unifesp, onde recebeu o
diagnóstico. Incapacitada para
o trabalho, teve o pedido de auxílio-doença negado pelo INSS,
até que Ângela recorreu da decisão e conseguiu se aposentar.
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