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Nova técnica pode curar feridas de pés diabéticos
Procedimento prevê a colocação de um stent para desbloquear as artérias das pernas
Complicação da doença é a
maior causa de amputação
de pés do mundo; principal
culpado é o uso de sapato
inadequado, diz médico
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
A colocação de stents, similares aos usados em cirurgias cardíacas, pode curar úlceras e feridas de difícil cicatrização, comuns nos pés dos diabéticos. O
stent é uma pequena "rede"
que serve para filtrar placas de
gordura e desbloquear artérias.
O pé diabético é a principal
causa de amputação no mundo.
Com o procedimento, o objetivo é garantir a abertura dos vasos entupidos quando a angioplastia -técnica que também
desobstrui o vaso por meio de
balão- não foi suficiente para
garantir o fluxo de sangue.
"Com a colocação de stents
próprios para esses casos estamos salvando os pés desses pacientes", conta o cirurgião endovascular Armando Lobato,
presidente de um congresso internacional que acontece em
São Paulo e que discute o tema.
A colocação de stents em casos de pés diabéticos já começou a ser feita no Brasil, embora
a técnica ainda não seja difundida entre os cirurgiões.
"Outra novidade apresentada [no congresso] é a introdução do cateter pelo pé em vez da
virilha", conta o cirurgião endovascular Dino Fecci Colli, da
Santa Casa de Misericórdia de
São Paulo e do Hospital Santa
Catarina, também na capital
paulista. "Trata-se de uma tecnologia endovascular para o pé
diabético, que inclui novos materiais específicos para esses
casos e que está trazendo ótimos resultados", conta Colli.
"Podemos curar a ferida, mas a
pessoa precisa manter a doença
sob controle a vida inteira", frisa o médico.
O pé diabético é uma das
complicações mais temidas
nesses pacientes porque provoca feridas e úlceras que podem
demorar meses para cicatrizar
e, em casos mais avançados, levam à amputação de dedos ou
do pé inteiro. Estima-se que
18% dos diabéticos tenham alguma complicação nas pernas.
Esses pacientes são especialmente suscetíveis a úlceras e
feridas quando não controlam
a doença em razão de dois problemas comuns do diabetes: o
alto nível de colesterol no sangue, que leva ao depósito de
gordura nas artérias, aliado à
neuropatia diabética, que é a
modificação das terminações
nervosas causada pela taxa elevada de glicose em circulação.
"É comum que a pessoa se
machuque sem notar", diz Fadlo Fraige Filho, presidente da
Anad (Associação Nacional de
Assistência ao Diabético) e chefe do serviço de endocrinologia
da Beneficência Portuguesa,
em São Paulo.
Com a irrigação prejudicada
pelo entupimento dos vasos, a
ferida custa a cicatrizar. Estimativas da Anad apontam que
30% dos pacientes têm doença
vascular periférica, 70% sofrem de neuropatia, e 40%, de
doenças coronarianas.
O problema é que pouquíssimos pacientes são orientados
corretamente sobre como examinar os pés. "Estimo que 90%
deles nem sejam examinados
pelo médico", diz Fadlo Fraige.
"E a principal causa da amputação é o uso de sapato inadequado", lamenta o médico.
"Por isso digo que os diabéticos devem cuidar dos pés como
cuidam do rosto." E isso inclui
observar cuidadosamente
qualquer sinal de agressão, evitar andar descalço e comprar
sapatos adequados.
Sapatos
Pacientes com a doença sob
controle podem comprar sapatos comuns, apenas selecionando os mais confortáveis.
Quem já tem alguma complicação deve escolher calçados especialmente feitos para diabéticos. Há marcas vendidas em
shoppings para esses casos.
Eles são feitos de materiais
mais adequados, como couro
de ovelha, não contêm costuras
e possuem palmilhas anatômicas. Em casos extremos, o paciente pode precisar de sapatos
feitos sob medida.
"Essa complicação [do pé
diabético] é de fácil prevenção.
Basta manter a doença sob controle", diz Fadlo Fraige.
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