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Análise
Álcool e cigarro matam mais que outras drogas
HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O abuso de drogas ilícitas é
um problema relevante, mas
que deve ser corretamente dimensionado para não dar margem a discursos alarmistas ou
que desviem o foco de questões
mais importantes.
Existem duas drogas psicoativas de ampla utilização no
mundo: álcool e nicotina. Elas
respondem por mortes que se
contam na casa dos milhões. Já
o uso de todas as substâncias
ilícitas somadas representa
uma fração pequena do consumo de bebidas e cigarros.
Segundo a OMS, o número de
fumantes no planeta está em
torno de 1 bilhão, o que corresponde a 17% da população. O de
usuários de álcool varia bastante de país para país -ele pode
ser muito baixo em nações muçulmanas e extremamente elevado no Primeiro Mundo.
No caso do Brasil, uma pesquisa realizada em 2005 pelo
Cebrid (Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas), órgão ligado à Universidade Federal de São Paulo,
mostrou que 75% da população
entre 12 e 65 anos já havia feito
uso de álcool ao menos uma vez
na vida, com a proporção dos
que podem ser considerados alcoólatras chegando a 12,3%.
Já a prevalência do uso de
drogas ilícitas é, pela própria
ilegalidade, mais difícil de calcular. O Undoc (escritório da
ONU contra drogas e crimes),
em seu relatório de 2008, afirmou que o total de usuários não
excede 5% da população com
idade entre 15 e 64 anos, e a
parcela daqueles que podem
ser considerados dependentes
fica abaixo de 0,6%.
Considerados só os óbitos, a
situação não muda muito. Segundo a OMS, o tabaco mata,
por ano, 5 milhões de terráqueos (10% de todos os óbitos
de adultos). Já o álcool tira a vida de 1,8 milhão (3,2%). Todas
as drogas ilícitas respondem
por 200 mil mortes (0,4%).
Não há dúvida de que o problema das substâncias ilícitas
exige uma resposta das autoridades. Mas, sob a perspectiva
da saúde pública, quando se fala em drogas, o que realmente
conta é tabaco e álcool.
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