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Faltam pediatras em postos e hospitais do país
Problema afeta mais as regiões distantes dos grandes centros urbanos
Pouca experiência dos candidatos às vagas e insatisfação com os salários são causas da carência de médicos
Rafael Andrade/Folhapress
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A pediatra Rosane de Lemos examina criança na escola de dança, no Rio, onde trabalha para complementar o orçamento
DENISE MENCHEN
DO RIO
Pesquisas realizadas pela
UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais) confirmam
um problema enfrentado por
mães e pais que procuram os
serviços de saúde do país: a
falta de pediatras.
A carência ocorre tanto
nos postos de saúde quanto
nos hospitais, afetando especialmente as localidades distantes dos grandes centros.
Na atenção primária, quase um quarto (23,1%) dos municípios brasileiros, excluídas as principais regiões metropolitanas, têm carência de
pediatras, médicos da família e clínicos gerais.
O cálculo é do Núcleo de
Educação em Saúde Coletiva
da UFMG.
Para chegar a esse número, os pesquisadores avaliaram, em cada município, o
tamanho da população e as
taxas de mortalidade infantil
e de domicílios pobres.
Os dados foram então confrontados com o número de
horas dedicadas pelos médicos das especialidades pesquisadas ao atendimento
ambulatorial.
A situação mais grave foi
encontrada no Norte e no
Nordeste, mas todas as regiões registraram municípios
com problemas.
Nos hospitais, que atendem também casos complexos, o problema se repete.
Outra pesquisa do mesmo
grupo, realizada neste ano
com gestores de hospitais
públicos e privados de Minas
Gerais, constatou que 64,3%
deles têm dificuldade para
contratar pediatras.
O estudo também revelou
que o tempo médio para o
preenchimento de uma vaga
na pediatria chega a 8,6 meses. No momento da pesquisa, quase metade (46,1%)
dos gestores disseram ter algum posto vago.
Foram os piores resultados dentre as 22 especialidades pesquisadas, como anestesiologia e cardiologia.
O pesquisador Sábado Girardi, que coordenou os estudos, diz que os números de
Minas confirmam uma tendência nacional.
Em 2008, levantamento
semelhante com gestores
hospitalares de todo o país
mostrou que 43% deles tinham dificuldades de contratar pediatras.
Os principais motivos
apontados foram a falta de
profissionais titulados no
mercado, a insatisfação com
a remuneração e a falta de
experiência dos candidatos.
PLANO DE CARREIRA
O presidente da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) diz, porém, que o número de profissionais é adequado. Eduardo Vaz destaca
que, hoje, 10% dos médicos
do país são pediatras, contra
13,5% em 1996. No período, o
número de filhos por família
caiu e outras especialidades
ganharam importância.
"Se está faltando pediatra
no sistema público, e está
mesmo, isso não é culpa do
pediatra", diz.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de
Janeiro, Jorge Darze, o problema só será resolvido com
uma política que fixe os profissionais ao SUS.
Ele defende a criação de
uma "carreira pública" para
os médicos, que incluiria, como no Judiciário, a exigência
de a pessoa começar a trajetória profissional no interior.
As contrapartidas seriam salário mais alto e direitos trabalhistas garantidos.
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