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TECNOLOGIA
Nova cirurgia com ultrassom dispensa cortes e anestesia
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Neurocirurgiões do Hospital Universitário de Zurique
desenvolveram um método
que permite a realização de
cirurgias cerebrais sem cortes, sem anestesia e com o
paciente acordado. Desde setembro do ano passado, dez
pacientes passaram com sucesso pelo procedimento.
Chamada de HIFU (ultrassom focado de alta intensidade, na sigla em inglês), a
abordagem consiste em direcionar ondas de ultrassom de
alta intensidade a uma área
selecionada. As ondas atravessam o crânio e atingem o
ponto desejado, um tumor,
por exemplo, com uma temperatura de 60C. Na área
afetada, forma-se um pequeno coágulo, que é depois eliminado pelo organismo.
"O HIFU pode evitar que
tecido cerebral saudável seja
destruído durante a cirurgia", disseram à Folha os
pesquisadores Ernst Martin-Fiori e Daniel Jeanmonod.
Os danos nos tecidos podem
gerar sintomas temporários
ou permanentes, como dificuldade de raciocínio, visão
ou fala e ataques epilépticos.
A nova cirurgia é planejada e acompanhada pelos médicos em tempo real por um
aparelho de ressonância
magnética. "O bisturi é substituído pelo mouse do computador", afirma a dupla.
O neurocirurgião Hallim
Feres, do Hospital Israelita
Albert Einstein, explica que
a técnica de localização já era
usada na radioterapia e que,
agora, foi adaptada para o ultrassom. "É uma cirurgia
menos agressiva, é um avanço", avalia.
Os neurocirurgiões de Zurique afirmam que a técnica
evita que o paciente tenha
hemorragias e infecções pós-operatórias e também pode
ser usada em cirurgias para
Parkinson e epilepsia.
Segundo Feres, no entanto, ainda é cedo para saber
quais são suas possíveis implicações. "Podem haver danos pela manipulação do tecido no trajeto a ser utilizado
[pelo ultrassom]", diz.
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