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ANÁLISE
Técnica pouco evoluiu desde o primeiro sucesso, há 32 anos
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
"Agora, é com Deus". É a
frase que muitos médicos
costumam dizer às pacientes
quando transferem para o
útero os embriões formados
na fertilização in vitro (FIV).
A partir desse momento, lavam as mãos e passam a bola
para o imponderável.
Entre dez mulheres que
passam por esse procedimento, apenas três vão engravidar. As outras sete
amargarão uma grande tristeza e, no mínimo, R$ 10 mil a
menos na conta bancária.
Ao jogar para Deus a responsabilidade pelo fracasso
do tratamento, tira-se o foco
das possíveis falhas da clínica ou da própria técnica, que
pouco evoluiu desde que foi
usada pela primeira vez com
sucesso, há 32 anos.
A não implantação do embrião no útero é uma das
principais razões do fracasso
do tratamento. Alterações
cromossômicas do óvulo, do
espermatozoide ou do embrião? Ausência de proteínas
no endométrio? Problemas
imunológicos? Sobram teses
e faltam certezas.
A verdade é que tratamento após tratamento, as mulheres são estimuladas a tentar mais uma vez.
Há clínicas de reprodução
que chegam a dizer que, após
três tentativas de FIV, as
"chances cumulativas" de
gravidez são de 90%. Se não
der certo, é porque você deu
azar e caiu nos 10% fadados
ao fracasso.
Mesmo levando em conta
que a medicina não é uma
ciência exata, é animadora a
notícia de que um teste poderá predizer as chances de sucesso de uma tentativa de fertilização in vitro.
Ainda é preciso, porém, replicar o modelo matemático
muitas e muitas vezes e em
diferentes populações para
se certificar da sua validade
na prática clínica.
Mas, no mínimo, é uma
possibilidade a mais de submeter informações já disponíveis nas clínicas ao escrutínio do método científico. E
uma responsabilidade a menos nas costas de Deus.
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