São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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ANÁLISE

Técnica pouco evoluiu desde o primeiro sucesso, há 32 anos

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

"Agora, é com Deus". É a frase que muitos médicos costumam dizer às pacientes quando transferem para o útero os embriões formados na fertilização in vitro (FIV). A partir desse momento, lavam as mãos e passam a bola para o imponderável.
Entre dez mulheres que passam por esse procedimento, apenas três vão engravidar. As outras sete amargarão uma grande tristeza e, no mínimo, R$ 10 mil a menos na conta bancária.
Ao jogar para Deus a responsabilidade pelo fracasso do tratamento, tira-se o foco das possíveis falhas da clínica ou da própria técnica, que pouco evoluiu desde que foi usada pela primeira vez com sucesso, há 32 anos.
A não implantação do embrião no útero é uma das principais razões do fracasso do tratamento. Alterações cromossômicas do óvulo, do espermatozoide ou do embrião? Ausência de proteínas no endométrio? Problemas imunológicos? Sobram teses e faltam certezas.
A verdade é que tratamento após tratamento, as mulheres são estimuladas a tentar mais uma vez.
Há clínicas de reprodução que chegam a dizer que, após três tentativas de FIV, as "chances cumulativas" de gravidez são de 90%. Se não der certo, é porque você deu azar e caiu nos 10% fadados ao fracasso.
Mesmo levando em conta que a medicina não é uma ciência exata, é animadora a notícia de que um teste poderá predizer as chances de sucesso de uma tentativa de fertilização in vitro.
Ainda é preciso, porém, replicar o modelo matemático muitas e muitas vezes e em diferentes populações para se certificar da sua validade na prática clínica.
Mas, no mínimo, é uma possibilidade a mais de submeter informações já disponíveis nas clínicas ao escrutínio do método científico. E uma responsabilidade a menos nas costas de Deus.


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