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ANÁLISE
Medida só vai surtir efeito se houver denúncia e fiscalização
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Conflito de interesse é um
assunto antigo na história da
medicina. A primeira citação, de Aristóteles, data de
2.500 anos atrás. Com o advento das novas tecnologias
em saúde, o campo tornou-se
ainda mais minado.
Nas rodas médicas, há
muito circulam informações
de cirurgiões recebendo gordas comissões da indústria
de órteses e próteses por indicarem seus produtos. O custo
do material usado em uma cirurgia de coluna, por exemplo, chega a R$ 200 mil. E o
bônus pago a médicos pode
variar de 10% a 20% do valor.
Há quase uma década
existem tentativas, ainda
que tímidas, de moralizar essas relações. Em 2004, um
parecer do Conselho Regional de Medicina do Paraná, a
pedido da Unimed do Brasil,
concluiu: "Não há qualquer
motivo para o médico exigir
uma marca comercial específica de órtese ou prótese".
Neste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) e a ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) colocaram na internet um banco de dados com
preços médios de 300 produtos cardiovasculares. A ideia
é impedir as absurdas divergências de preços.
Há casos de stents (tubos
usados em artérias) que foram vendidos por R$ 12 mil
para uma operadora de saúde, por R$ 24 mil para outra e
que na Inglaterra custam R$
3.500. Um mesmo marcapasso foi comercializado por R$
4.300 e por R$ 10 mil.
Ainda que bem-vinda, a
resolução do CFM não terá
efeito prático algum se não
houver fiscalização ou pelo
menos denúncia. O próprio
conselho reconhece que não
consegue punir o médico que
aceita propina da indústria
porque ninguém o denuncia.
Quem se habilita?
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