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Câncer de colo de útero mata mais nos Estados do Norte
Por causa de diferenças na estrutura de saúde, risco de óbito é bem maior na região amazônica que no Sudeste
Governo anuncia investimento de R$ 115 mi para combater esse tipo de tumor, que é curável em fase inicial
DENISE MENCHEN
DO RIO
O câncer de colo do útero é
o quarto tumor que mais mata mulheres no país. No Norte, é o primeiro. Lá, o número
de óbitos varia de 8 a 10 por
cem mil mulheres. Na média
nacional, fica abaixo de 5.
O risco de uma mulher
morrer por causa de câncer
de colo do útero é duas vezes
e meia maior na região Norte
do que na região Sudeste, segundo dados divulgados ontem pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer).
A disparidade decorre das
diferenças na estrutura de
saúde do país, segundo Ana
Ramalho, gerente da Divisão
de Apoio à Rede de Atenção
Oncológica do instituto .
Para combater o problema, o Ministério da Saúde
anunciou um plano de ação
contra esse tipo de câncer
com foco nos Estados amazônicos. O investimento será de
R$ 115 milhões.
"A região é muito grande e
a população, dispersa. Às vezes, é preciso viajar dias de
barco para chegar aos centros urbanos. Isso dificulta o
diagnóstico", diz Ramalho.
SEM ACESSO
Entre as ações previstas estão o uso de equipes do programa Saúde da Família para
a detecção precoce da doença, a implantação de controle
de qualidade nos laboratórios que analisam o material
colhido e o treinamento de
ginecologistas para o tratamento das lesões precursoras da doença.
"O risco de infecção pelo
HPV é semelhante no país inteiro. O que diferencia é o
acesso ao Papanicolaou e ao
tratamento", diz Ramalho. O
HPV é o vírus que pode levar
à doença, e o papanicolau, o
exame que diagnostica lesões no colo do útero.
A recomendação do governo é que todas as mulheres
de 25 a 59 anos façam o exame a cada três anos, após
dois exames consecutivos de
resultados normais feitos em
um intervalo de um ano.
Caso seja constatada a
existência de lesões precursoras, a mulher é encaminhada para cirurgia. A chance de cura é de quase 100%.
O Inca diz que, nos últimos
anos, mais mulheres estão
chegando aos serviços de
saúde ainda nesse estágio.
Em 2001, para cada mulher
que chegava ao serviço de
diagnóstico já com câncer de
colo do útero, apenas quatro
chegavam com lesões precursoras. Em 2009, o número
já havia passado para 12.
O fato de ainda existirem
mulheres diagnosticadas no
estágio avançado, porém,
mostra que algumas passam
anos sem fazer o exame.
Uma lesão precursora leva
15 anos para evoluir. "Tempo
mais do que suficiente para
achar e tratar", diz Ramalho.
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