|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Profissionais devem revisar discurso e ter metas realistas
MARLE ALVARENGA
ESPECIAL PARA A FOLHA
O aumento do excesso de
peso no Brasil está ligado a
mudanças conhecidas no padrão de alimentação e no
perfil de atividade física.
Come-se mais fora de casa;
há mais alimentos industrializados; come-se de forma
"globalizada" (o arroz com
feijão é abandonado); a oferta de comida é maior; as porções aumentaram etc.
Alimentos menos nutritivos e altamente calóricos se
tornaram mais baratos, e isso
afeta a escolha das pessoas.
Uma série de fatores está
implicada com o fato de a
mulher apresentar mais obesidade do que o homem. Vai
de questões biológicas até o
fato de ela fazer mais dieta
porque, com o tempo, pode
haver um "efeito rebote", ou
seja: fazer dieta engorda!
Há mais obesidade entre
homens de faixas de renda
mais altas. Pode-se pensar
que, entre os de mais baixa
renda, o serviço braçal é comum. Já entre as mulheres, a
tendência se inverte, talvez
porque as mais favorecidas
podem pagar uma academia
e alimentos diferenciados.
Conhecemos os fatores envolvidos, mas as estratégias
usadas para reverter o problema não têm surtido efeito.
Mais do que repetir o "faça
isto" e "não faça aquilo", os
profissionais de saúde devem discutir como ajudar a
população a ter uma relação
mais saudável com a comida
e o corpo e a estabelecer metas realistas.
Dietas, shakes, pílulas e
"rações" não resolvem . A indústria do emagrecimento
fatura há tempos com isso e
os índices de obesidade só
sobem, bem como o de transtornos alimentares.
O problema exige ações diferenciadas, que passam pela educação (e a revisão dos
discursos), mas não é só isso.
É preciso oferecer alternativas gratuitas para a prática
de atividade física; e também
alimentos saudáveis, saborosos e a preços acessíveis em
escolas, restaurantes e supermercados.
MARLE ALVARENGA tem pós-doutorado
em nutrição em saúde pública pela USP e
coordena o Grupo Especializado em
Nutrição e Transtornos Alimentares
Texto Anterior: Adolescentes têm percepção errada do peso Próximo Texto: País na balança: Um terço das crianças brasileiras estão gordas Índice
|