São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Profissionais devem revisar discurso e ter metas realistas

MARLE ALVARENGA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O aumento do excesso de peso no Brasil está ligado a mudanças conhecidas no padrão de alimentação e no perfil de atividade física. Come-se mais fora de casa; há mais alimentos industrializados; come-se de forma "globalizada" (o arroz com feijão é abandonado); a oferta de comida é maior; as porções aumentaram etc. Alimentos menos nutritivos e altamente calóricos se tornaram mais baratos, e isso afeta a escolha das pessoas.
Uma série de fatores está implicada com o fato de a mulher apresentar mais obesidade do que o homem. Vai de questões biológicas até o fato de ela fazer mais dieta porque, com o tempo, pode haver um "efeito rebote", ou seja: fazer dieta engorda!
Há mais obesidade entre homens de faixas de renda mais altas. Pode-se pensar que, entre os de mais baixa renda, o serviço braçal é comum. Já entre as mulheres, a tendência se inverte, talvez porque as mais favorecidas podem pagar uma academia e alimentos diferenciados.
Conhecemos os fatores envolvidos, mas as estratégias usadas para reverter o problema não têm surtido efeito. Mais do que repetir o "faça isto" e "não faça aquilo", os profissionais de saúde devem discutir como ajudar a população a ter uma relação mais saudável com a comida e o corpo e a estabelecer metas realistas.
Dietas, shakes, pílulas e "rações" não resolvem . A indústria do emagrecimento fatura há tempos com isso e os índices de obesidade só sobem, bem como o de transtornos alimentares.
O problema exige ações diferenciadas, que passam pela educação (e a revisão dos discursos), mas não é só isso. É preciso oferecer alternativas gratuitas para a prática de atividade física; e também alimentos saudáveis, saborosos e a preços acessíveis em escolas, restaurantes e supermercados.

MARLE ALVARENGA tem pós-doutorado em nutrição em saúde pública pela USP e coordena o Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares



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