São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2010

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PAÍS NA BALANÇA

Um terço das crianças brasileiras estão gordas

Excesso de peso na faixa de 5 a 9 anos triplicou desde os anos 70

Problema é mais grave na região Sudeste; doenças ligadas à obesidade podem surgir ainda na infância


DO RIO

O excesso de peso já atinge um terço das crianças de cinco a nove anos no país.
Desde a década de 1970, o excesso de peso entre os meninos de cinco a nove anos mais do que triplicou: saltou de 10,9% para 34,8%. Segundo especialistas, diversos fatores explicam o avanço do excesso de peso e da obesidade em crianças, como a piora na qualidade da alimentação e o sedentarismo.
Para Rosana Radominski, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), ainda predomina a cultura de que "criança gordinha é saudável" e o combate ao problema exige a mudança de hábitos da família.
Radominski ressalta que o comportamento da mãe durante a gravidez também pode afetar os hábitos alimentares da criança. Segundo ela, alimentação adequada durante a gravidez e o leite materno ajudam a formar crianças mais saudáveis.
Entre as regiões do país, o Sudeste concentra o maior percentual de crianças acima do peso, com 39,7%.
"As crianças têm sofrido com o sedentarismo imposto pelo medo da violência. Elas brincam menos na rua e ficam confinadas vendo TV e jogando videogame", afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, professor da Faculdade de Medicina da USP.
A pesquisa mostra que a renda também é fator determinante no excesso de peso na infância. O percentual de crianças acima do peso é elevado em todas as faixas de rendimento, mas em famílias com renda mensal per capita de cinco salários mínimos ou mais, ele chega a 51% entre os meninos e a 39,3% entre as meninas.
Para os especialistas, uma criança gorda tem mais chances de se tornar um adulto obeso e desenvolver no futuro problemas ligados à obesidade, como doenças cardiovasculares.
Algumas delas podem aparecer na infância, como aumento da pressão, problemas de postura e ortopédicos. No país, hoje, 14,3% das crianças de cinco a nove anos estão obesas.
O cálculo para determinar se uma criança está com excesso de peso ou obesa é mais complexo do que o de um adulto. Além de considerar o IMC (Índice de Massa Corporal), os pesquisadores levam em conta referências internacionais para o peso e a altura de acordo com a idade. A recomendação para os pais é consultar um médico para a avaliação.


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