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Remédio de diabetes aumenta perigo para o coração
Duas pesquisas divulgadas ontem confirmam que o medicamento Avandia eleva risco de infarto e de insuficiência cardíaca
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dois estudos trazem novas
e fortes evidências sobre os
riscos cardíacos associados
ao uso de Avandia, um remédio bastante popular no tratamento do diabetes.
A segurança do medicamento, aprovado em 1999
pela FDA (agência que regula
alimentos e medicamentos
nos EUA), é questionada desde 2007, quando foi publicada a primeira grande pesquisa mostrando que o Avandia
aumentava o risco de infarto
e insuficiência cardíaca.
Em fevereiro de 2010, a
FDA afirmou estar revisando
os dados para submetê-los a
um painel de conselheiros,
marcado para julho.
Os estudos publicados ontem nas versões online do Jama ("Journal of American
Medical Association") e do
"Archives of Internal Medicine", antes da reunião da
FDA, esquentam o debate.
A Glaxo Smith Kline, fabricante do remédio, afirma que
outros trabalhos mostram
que a droga é segura.
Não é essa a conclusão do
coordenador da pesquisa divulgada no Jama, David Graham. Ele é pesquisador do
Centro de Avaliação e Pesquisa de Drogas da FDA.
Graham e sua equipe avaliaram dados de 227.500 pacientes americanos.
A análise mostrou que os
pacientes medicados com rosiglitazona (princípio ativo
do Avandia) tinham maior
risco de sofrer infarto, insuficiência cardíaca e de morte
por todas as causas do que os
que tomaram pioglitazona
(Actos), outra droga para diabetes da mesma classe.
Para Marcio Mancini, endocrinologista do Hospital
das Clínicas de São Paulo, a
questão, agora, é saber se esses dados serão usados para
reforçar alertas sobre o risco
e os cuidados na prescrição
ou se é o caso de suspender
totalmente o uso do remédio.
"Com dados mais fracos
do que esses [sobre o Avandia], a União Europeia suspendeu a comercialização de
sibutramina [usado para
obesidade]", diz Mancini.
O outro trabalho divulgado ontem é de Steven Nissen,
da Clínica Cleveland, de Ohio
(EUA). Nissen é o autor do estudo que, em 2007, questionou seriamente a segurança
do Avandia e ajudou a tirar-lhe o título de o mais vendido
no mundo para diabetes.
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