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Reino Unido estuda pagar por doação de sêmen e óvulos
Britânicos viajam a países em que doadores são anônimos e remunerados para escapar das filas nas clínicas de fertilização
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O Reino Unido estuda mudar suas leis sobre doação de
sêmen e óvulos para tentar
acabar com a espera em clínicas de fertilização, que chega
a dois anos.
Um das mudanças visa autorizar a remuneração dos
doadores. A outra, permitir
que o esperma de um mesmo
homem seja utilizado na fertilização de até 20 mulheres.
O limite hoje é de dez, para
reduzir as chances de casamento entre meio-irmãos.
O estoque de óvulos e esperma caiu muito no Reino
Unido desde 2005, quando
acabou o anonimato dos
doadores.
Desde aquele ano, qualquer adolescente, quando
completa 18 anos, pode por
lei obter a identidade do doador do esperma e/ou do óvulo que possibilitaram seu
nascimento.
PROCESSO ACELERADO
Com as longas filas de espera, acontece o que é chamado de turismo da fertilização. Casais vão para países
como Chipre e Espanha (onde as doações são remuneradas e o anonimato é garantido) para acelerar o processo
de fertilização.
Segundo os órgãos de saúde do Reino Unido, um em
cada sete casais no país tem
problemas de infertilidade.
É o caso de Margareth e
Stefan, que na quinta-feira à
tarde saíam de uma clínica
de fertilização no centro de
Londres. Eles não quiseram
dizer seus sobrenomes.
O casal tenta há dois anos
e meio uma inseminação artificial. Há pouco menos de
um ano, foram implantados
embriões em Margareth. Mas
a gravidez não evoluiu. Agora, vão tentar novamente.
Ela afirma ter pensado em
fazer o tratamento em outro
país. "Falam da Espanha e de
Chipre, mas eu gostaria de
ter uma criança que fosse como nós, 100% britânica."
A possível mudança na lei
recebeu algumas críticas da
comunidade científica. Muitos acreditam que pagar mais
de mil libras (cerca de R$
2.800) por doação pode criar
um comércio de óvulos e esperma.
Além disso, temem que
aconteça o mesmo que ocorre em alguns Estados norte-americanos, onde pessoas
com boa aparência recebem
mais que as outras.
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