|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Acesso a antibiótico vai ficar mais difícil, afirma indústria
Nova restrição à venda dos remédios, que entrou em vigor ontem, gerou reação de farmácias e especialistas
Associação de dentistas diz que maioria não tem o modelo de receita em duas vias exigido pela Vigilância Sanitária
JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
O acesso a antibióticos vai
ficar mais difícil depois das
novas regras estabelecidas
pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),
na opinião das entidades ligadas à indústria e aos profissionais de farmácia.
Desde ontem, 93 substâncias usadas como princípio
ativo de antimicrobianos
passaram a ser vendidas com
a apresentação de uma receita especial, em duas vias.
A primeira é retida na farmácia, e a segunda é devolvida carimbada ao cliente. A
medida vale para comprimidos, xaropes e pomadas.
"Cumpriremos a resolução, mas isso é um desastre
para o consumidor que nem
sempre tem acesso a médicos", afirma Sergio Mena
Barreto, presidente da Abrafarma (associação de redes
de farmácias).
Para Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF (Conselho Federal de Farmácia),
proibir a venda é condicionar
a população a sofrer com infecções simples.
"Isso aconteceu no México
e as farmácias acabaram tendo de contratar médicos para
dar receita às pessoas. Isso
quando a receita não era forjada e vendida."
Dois terços dos antibióticos são vendidos sem receita,
segundo Marcia Gonçalves
Oliveira, coordenadora do
SNGPC (Sistema Nacional de
Gerenciamento de Produtos
Controlados) da Anvisa.
Tomar ou usar antibiótico
de forma incorreta -por
mais ou menos dias do que o
prescrito- pode mascarar os
sintomas de uma doença ou
então selecionar bactérias resistentes, que podem causar
novas infecções.
"Isso vale até para as pomadas, que também são absorvidas pelo corpo. Qualquer antibiótico precisa ser
proibido", diz Desiré Callegari, secretário do CFM (Conselho Federal de Medicina).
O problema, segundo Geraldo Vasconcelos, representante da ABO (Associação
Brasileira de Odontologia)
no Conselho Nacional de
Saúde, é que muitos dentistas que precisam receitar as
substâncias ainda não têm a
receita de duas vias.
"A maioria ainda não se
adaptou. Só algumas especialidades, como cirurgiões
que fazem procedimentos
mais complexos, já têm esse
tipo de receita."
Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Farmácia de bairro ainda vende sem receita Índice | Comunicar Erros
|