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Pesquisa questiona função da margarina de proteger coração
Produtos enriquecidos não beneficiaram pacientes que já haviam sofrido infarto
DÉBORA MISMETTI
EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
Os cremes vegetais que
prometem auxiliar nos cuidados com o coração não servem para todo mundo.
Estudo publicado no "New
England Medical Journal"
mostrou que a suplementação com baixos teores de
ômega 3, presente nesses
produtos, não evita novos infartos em cardíacos.
Por 40 meses, pesquisadores holandeses deram quatro
tipos de margarina para
4.837 pessoas, a maioria homens de 60 e 80 anos.
Três produtos tinham ácidos graxos como ômega 3,
derivado de peixe, ou de origem vegetal. O quarto era
placebo. Cada um consumiu
18,8 gramas por dia.
Nenhuma margarina reduziu o número de infartos.
O diretor do departamento
de hipertensão da Sociedade
Brasileira de Cardiologia,
Marcus Vinícius Malachias,
afirma que essas margarinas
não são para todo mundo.
Malachias ressalva que todos os participantes do estudo tomavam remédios para
baixar o colesterol e contra
hipertensão. "São pacientes
muito medicados, idosos e
de alto risco", diz. Ele afirma
que uma pesquisa com gente
mais jovem poderia medir a
eficácia como prevenção.
Para o cardiologista, é melhor que cada pessoa consulte o médico sobre o uso desses produtos. "É preciso conter o afã das pessoas, que podem estar gastando muito dinheiro com algo que não vai
beneficiá-las."
O médico ressalva que há
evidências sobre os efeitos
do ômega 3, e que esse suplemento pode ser usado com o
remédio anticolesterol, para
reduzir triglicérides e aumentar o colesterol "bom".
De acordo com o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, o resultado da pesquisa
não significa que o uso de
margarina deva ser descartado. Porém, sozinho, o alimento não faz milagre.
"O consumo de fitoesterol
pode reduzir cerca de 8% do
colesterol total", diz, referindo-se a outro tipo de substância vegetal usada em margarinas à venda no Brasil.
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