São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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Fina - Natalie Klein

Filha de peixe

Herdeira das Casas Bahia, Natalie Klein expande sua loja e diz que luxo não é ostentação

por Alcino Leite Neti

Mesmo com os novos prédios luxuosos, é melhor não convidar a empresária Natalie Klein para cruzar o rio Pinheiros e visitar as distantes plagas da Cidade Jardim e do Morumbi. "é como se eu tivesse de sair de Manhattan para ir a New Jersey. Eu raramente atravesso o rio", ela diz.

Na sua comparação, a São Paulo do lado de cá do rio equivale a Manhattan, e no coração da "big apple" paulistana estão os Jardins. é ali, no 34 da pequena rua Sarandi, que fica sua loja, a NK Store, uma das multimarcas mais exclusivas do país.

No térreo, as araras exibem roupas das duas grifes da empresária, a NK e a Talie, e outras cinco marcas brasileiras, como Tufi Duek e Juliana Jabour. No segundo andar, vê-se as roupas e acessórios de Marc Jacobs e Stella McCartney. Nos outros dois andares, ficam a administração e o showroom.

Em breve, tudo aquilo ficará ainda maior. Natalie adquiriu um terreno na Haddock Lobo para expandir a loja. Stella McCartney terá um corner especial e novas grifes estrangeiras aportarão no endereço, como Givenchy e Azzedine Alaïa -o genial estilista franco-tunisiano.

A arquitetura da loja ampliada seguirá a mesma da atual, de linhas modernas e discretas. "Acho uma cafonice o estilo neoclássico que domina a arquitetura em São Paulo", afirma Natalie. "é muito comum no Brasil associar o luxo ao dinheiro, ao exibicionismo e à ostentação. Isso me incomoda muito."

Sinagoga

Na sociedade paulistana, Natalie, 32, é considerada uma das mais elegantes. Mas é muito difícil vêla em badalados eventos fashion. Ela escolhe a dedo as festas que freqüenta e, às vezes, não fica ali mais que uns 15 minutos, como num recente jantar com a presença de Ermenegildo Zegna. Por essas e outras, em certos meios, é considerada esnobe e distante. "Não tenho tempo para festas e, além disso, prefiro reuniões mais íntimas, com a família e os amigos", diz. Mais provável é encontrá-la num petit comité formado por artistas plásticos e arquitetos descolados. "Natalie Klein é a imagem do seu próprio negócio: chique, sóbria e moderna. Além disso, nunca vi uma garota com tantas possibilidades financeiras trabalhar tanto", diz o consultor de negócios de luxo Carlos Ferreirinha.

Ela acorda às 9h e vai para a NK Store ao meio-dia. Fica até as 21h. é casada há quatro anos com o publicitário Anuar Tacach. Não tem filhos. Quase toda sexta-feira, vai à sinagoga, seguindo a tradição judaica.

Filha do empresário Michel Klein, o poderoso dono das Casas Bahia, Natalie estudou arquitetura na Faap, mas preferiu se dedicar à moda. Em 1997, aos 21, abriu uma loja na Cônego Eugênio Leite, com a ajuda do pai. Em 2002, mudou a NK Store para a rua Sarandi. Hoje tem 120 funcionários e 15 mil clientes cadastrados.

"Acabei me dedicando ao mesmo ramo da minha família, só mudou o tipo de negócio", diz. Michel Klein a visita quase diariamente na loja. "Mas, agora, só para ver a filha e dar conselhos", conta Natalie. Pelo visto, ótimos conselhos.


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