São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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TESTE DE DNA

Linha reta futebol clube

por ANA RIBEIRO

Marcio Kogan deixou uma marca em São Paulo. Seu traço, aparentemente simples, guarda surpresas internas nas casas que projeta. Gabriel, filho único, seguiu seus passos profissionais. A mulher, Raquel, também formada em arquitetura, embarcou na viagem digital. Um é o melhor retrato do outro

MARCIO KOGAN,
56, ARQUITETO

Quando o Gabriel é a perfeita companhia? Lembro-me de que, aos sete anos, ele me viu assistindo na TV a "8 e 1/2", de Fellini. Falei que adorava esse filme, ele se sentou ao meu lado e, compenetrado, assistiu até o fim. Sempre foi uma supercompanhia, dos programas culturais aos gastronômicos e também no futebol, onde invariavelmente o nosso time (São Paulo) é o vencedor.

O que você vê de si no seu filho? Tudo. Até os óculos. É um desses clones genéticos, só que aperfeiçoado.

Quando você leva bronca do Gabriel? Quando discutimos no carro por assuntos realmente importantes, como o tamanho da vaga impossível de estacionar, um caminho quase errado, um caminho quase certo, uma faixa de segurança "queimada" em 20 cm, a cor do céu etc.

O que você gostaria que o Gabriel fizesse com mais assiduidade? Exercício físico. Talvez, aos 40 anos, ele vá ficar mais parecido com o sr. Burns (do desenho "Os Simpsons") do que comigo.


GABRIEL KOGAN,
24, ESTUDANTE DE ARQUITETURA

Um programão para fazer com seu pai: Assistir aos jogos do São Paulo na TV. Quando o time vai para a final, ou seja, sempre, no estádio.

O que você gostaria de ter mais parecido com sua mãe? Saber fazer coisas difíceis do cotidiano, como pagamento no banco. Queria ser menos parecido com meus pais, temos interesses comuns e vamos aos mesmos lugares; nem sempre é bom.

Em que assunto vocês diferem? Política. Dou mais importância a isso do que eles, critico muito a atual política e as relações de poder.

Você dá bronca nos seus pais? Claro. Meu pai tem colesterol alto e toda semana come churrasco de bacon e batata frita. No escritório, dou bronca sobre irracionalidades estruturais e revestimento de paredes. Já minha mãe gosta de controlar tudo e merece muitas broncas.

E quando você leva bronca? Eles insistem que devo fazer um esporte. Mas, como se sabe, está provado que esporte faz mal para a saúde.


RAQUEL KOGAN,
53, TRABALHA COM ARTE EM MÍDIAS DIGITAIS

O que você vê de si mesma no seu filho? Fisicamente acho que nada, mas no temperamento e nas manias temos muitas semelhanças.

Qual traço dele você não tem ideia de onde veio? Sua altura. Ele é muito alto, já nos passou faz tempo.

Quando você leva bronca do Gabriel? Eu, particularmente, sempre! Qualquer minuto do dia, por qualquer coisa. Estou sempre fazendo alguma coisa errada.

A que você gostaria que ele tivesse se dedicado, e ele nunca se dispôs? Falar polonês. Meus pais são poloneses e sempre falei umas palavras para ele, mas ele nunca se interessou. Brincadeira...

Do que você nunca consegue convencê-lo? A acordar cedo, que ele detesta, e ir malhar, que detesta mais ainda. Além disso, é um bagunceiro profissional. Acho que nunca colocou nada de volta no lugar em toda a sua existência.


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