São Paulo, Domingo, 24 de junho de 2012

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FINO

FUNCIONÁRIO DO MÊS

por Fabio Brisolla, do Rio

HERDEIRO DO GRUPO MONTEIRO ARANHA E UM DOS CRIADORES DA CAMPANHA “RIO EU AMO EU CUIDO”, JOAQUIM MONTEIRO DE CARVALHO AJUDA A TAPAR BURACOS PELAS RUAS DA CIDADE

Nos primeiros dias de trabalho como funcionário da prefeitura carioca, Joaquim Monteiro de Carvalho, 32, foi acompanhar o resgate de vítimas do temporal que atingiu o morro dos Prazeres, favela de Santa Teresa, na zona sul da cidade, em 2010.

Presenciou uma tragédia. Viu corpos misturados à lama. Encontrou um bebê de sete meses morto entre os destroços.

Ao olhar para cima, viu outra faixa de terra, em um patamar mais elevado, encravada de mansões. O terreno pertence aos Monteiro de Carvalho, sobrenome associado a um dos principais grupos empresariais do país, com patrimônio superior a R$ 1 bilhão.

Joaquim cresceu ali. Ele foi batizado com o nome do avô, conhecido como “Baby” Monteiro de Carvalho, o industrial que intermediou a vinda das montadoras Volkswagen e Peugeot para o Brasil.

Acostumado a ver o morro dos Prazeres à distância, Joaquim se deu conta, naquele momento, da guinada que acabara de promover em sua vida.

Formado em administração de empresas pela PUC-Rio, largou a iniciativa privada para assumir os riscos e a exposição de um cargo público em uma área repleta de problemas.

Ele é subsecretário no setor de conservação da cidade. Entre suas atribuições estão o recapeamento do asfalto e a manutenção da iluminação pública.

“Mesmo quem tem dinheiro não vai bem quando a cidade vai mal. Em vez de ficar criticando, resolvi botar a mão na massa e fazer”, diz.

Um detalhe importante pesou na decisão de aceitar o desafio: a tal secretaria é a divisão da prefeitura vinculada às Olimpíadas de 2016.

Além de funcionário público, Joaquim é um dos articuladores do projeto “Rio Eu Amo Eu Cuido”, uma campanha de

conscientização nos moldes do “I NY”.

“Todo carioca se acha dono da cidade. E faz isso de forma errada, como quem diz: ‘Eu mando aqui e faço o que quero’.”

Bem diferente do que acontece no Grupo Monteiro Aranha. A família estabeleceu regras para manter os herdeiros longe das empresas. “Não podemos correr o risco de criar um cabide de empregos.”

Na segunda semana de junho, o subsecretário embarcou para Londres, onde fica até o fim das Olimpíadas, para “observar as soluções urbanas associadas aos jogos”. “Temos que ver o que funciona e replicar aqui”, explica Carlos Roberto Osório, secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos.

Se o prefeito Eduardo Paes for reeleito, o herdeiro do Grupo Monteiro Aranha planeja seguir como funcionário público até a Rio 2016. “Minha vida começa de novo em 2017.”


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