São Paulo, domingo, 25 de outubro de 2009

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ENSAIO

Aqui só tem Chanel –o rastro de Coco na vida de quatro mulheres

por ANA RIBEIRO

MINHA VIDA DE CHANEL

A vida de Coco Chanel daria um livro, e deu vários. Daria um filme, e deu muitos. Assim mesmo, o assunto parece não estar perto de se esgotar: dia 30 estréia nos cinemas de São Paulo "Coco Antes de Chanel". Serafina revirou os guarda-roupas, e as memórias, de quatro mulheres que vivem sua própria relação pessoal com o legado de Chanel

PRETINHO NADA BÁSICO
ácil uma roupa vestir bem Maythê Birman, com seu porte de princesa e suas pernas compridas. Mãe de três meninos, o caçula com três meses de idade, ela está com o corpo em dia para caber em seu pretinho-nada-básico Chanel. "É uma peça muito bem acabada, tem corte impecável. Fica alinhado, elegante, te dá postura. Me lembro com carinho das vezes em que o usei", conta. "Você tem uma história com suas roupas, elas marcam um momento de sua vida. A única coisa ruim de não ter filha mulher é não ter para quem deixar as bolsas, as jóias, os 'Chanéis", brinca ela.

Seu primeiro Chanel foi um casaquinho de tweed comprado em uma viagem a Paris. "Via as mulheres vestindo e achava chiquérrimo. Então declarei: `quero virar uma francesinha também´." Foi uma escolha acertada. "Qualquer roupa com que você se sente segura faz bem usar. Chanel te dá essa certeza de elegância, a tranquilidade da segurança." O vestido da foto, da coleção passada, foi comprado no Brasil. Era o único exemplar disponível. "Chanel é um clássico, está no DNA da marca."

UM CLÁSSICO-FETICHE
Esther Giobbi misturou estilos e épocas na decoração de seu apartamento. Em um canto, mesinha redonda de Oscar Niemeyer. Na parede, obra circular do artista americano Keith Haring. Mesmo de roupa cotidiana, vestia Chanel. Calça preta, camiseta preta de cashmere e sapatilha preta e marrom. "O espírito de Chanel é tão feminino que até o mais básico é bonito, impecável, atemporal."

Esther ainda guarda –e recentemente emprestou para sessão de fotos da revista "Playboy"– seu primeiro Chanel. Trata-se de um corpete de couro preto, comprado 15 anos atrás na Maison Chanel da rue Cambon, em Paris, ao lado do hotel Ritz, onde a estilista vivia. "Me identifico com seu estilo. No apartamento, bem francês, tem um sofá que eu já tive, um biombo Coromandel, tudo ideia dela e dos amigos –uma turminha barra pesada."

Para a foto, Esther tirou do guarda-roupa a saia longa preta e a sandália preta com a clássica camélia branca. Segundo consta, Coco Chanel adorava a sobriedade e a forma circular quase geométrica das pétalas da camélia, a primeira flor que ganhou de seu amante inglês Arthur 'Boy' Capel, que inspirou suas criações e financiou sua primeira butique em Paris.

MULHER DE ATITUDE
Ninguém escapou dos excessos dos anos 80 –nem Chanel. Mas a sempre essencial moda da Maison excedeu tão pouco que um conjunto de saia e corselete preto, com lação no decote, sobreviveu ao tempo. Amália Spinardi herdou o modelo da ex-sogra armênia. "Fiz ajustes mínimos. O top é estruturado, cheio de barbatanas, faz um corpo bonito e dispensa o sutiã. O avesso é tão lindo quanto o exterior."

Antes de entrar para o ramo dos biquínis, Amália foi editora de moda. Comprou seu primeiro Chanel com a primeira remuneração. Alguns verões atrás, batizou de Chanel um biquíni de sua linha, com top triângulo e alça transpassada por corrente dourada. "Foi um sucesso", lembra. "Chanel basicamente inventou o guarda-roupa essencial da mulher. Nunca houve estilista com tanta atitude."

TODA REGRA TEM EXCEÇÃO
política na casa de Eleonora Rosset é a da rotatividade. "Não guardo roupa no armário. Tenho como disciplina comprar uma e tirar outra", diz. A exceção? Um tailleur azul-marinho e branco, debruado com correntinhas. "Acho que nunca vou me desfazer dele." Precisa dizer a marca?

A mulher do empresário Ivo Rosset se recorda claramente do primeiro Chanel, a clássica bolsa preta com correntes. "Uso até hoje." Para ela, Chanel cai bem em qualquer situação, já que faz roupas para toda ocasião. "Tenho até jeans. A originalidade combinada com o clássico é meu foco quando escolho uma peça."
Na dúvida sobre o que vestir para a foto, Eleonora estendeu em cima da cama dois modelos "habillé" e espalhou suas sandálias Chanel pelo chão. Decidiu enfim pelo vestido bordado e a sandália bege com laço preto, combinação quase tão clássica quanto o preto e branco na paleta da estilista. A vida de Chanel a interessa tanto quanto sua criação. "Vi a peça, li livros e assisti ao filme feito para a TV francesa, com Shirley MacLaine. Claro que vou ver o filme novo. E vou adorar."

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