MODA

Fábia Bercsek sob nova direção

por ALCINO LEITE NETO

Independência ou nada

Em fase de revisão, a estilista Fábia Bercsek se prepara para abrir um mix de ateliê, showroom e minigaleria

A estilista Fábia Bercsek passa por mudanças profundas. Aos 30 anos, recém-separada, ela comemora dez anos de carreira com uma revolução em sua marca. Trocou a pequena sala que alugava em um predinho da rua Augusta por um casarão na Bela Cintra, ponto de grande visibilidade nos Jardins, em São Paulo.

Não, sua marca não foi vendida para um grupo investidor. Ela simplesmente resolveu apostar todas as fichas em si mesma. "Quero me posicionar de maneira diferente e indicar evolução", diz.

Para isso, enxugou custos e dispensou a equipe que a acompanhava há cinco anos. "Precisava de um respiro para acomodar essa mudança." Conta agora com o apoio da mãe e do irmão e, como costuma acontecer em fases de transição, passa por alguns apertos. Para desenvolver sua coleção de verão 2010, ela se virou do jeito que pôde. "Cortei excessos, trabalhei com fornecedores camaradas e estou pagando tudo em prestações."

A estilista diz que a marca paga a nova estrutura, mas que o dia a dia de uma pequena empresa não é fácil. "Não quero acreditar que serei sempre pequena, no sentido amador da palavra. Quero ser independente, mas também distribuir." Distribuição é uma etapa ainda complicada no Brasil. "As pessoas encomendam e não pagam. Já levei tanto calote que hoje não caio mais em roubada", conta.

Sobrevive, aos trancos e barrancos, em um mercado dominado por gigantes. "Nunca tive um pai abastado que pagasse minhas contas. O meu crescimento depende somente do meu trabalho." As ilustrações que faz para publicidade também ajudam a fechar o mês.

Seu atual desafio é encontrar equilíbrio entre criação e comercialização. Para isso, explica, pretende caminhar para peças com um bom custo/benefício.

A estilista exporta suas roupas para o Japão, onde tem um representante há cinco anos. O próximo passo é Paris, onde ela acaba de firmar uma parceria forte, que já resultou em peças suas em editoriais das revistas francesas "Elle" e "L’Officiel".

Hoje, ela se encontra 100% focada na reestruturação de sua marca e até dos amigos anda afastada. Quem ganha todo o seu tempo livre é a cadelinha Coco, que, em breve, também deverá sentir falta da dona. Sua nova loja abre em setembro, mês de seu aniversário, e vai abrigar showroom, ateliê e ainda uma minigaleria para expor suas ilustrações. "Vou fazer valer o meu universo e oferecer desde uma camiseta que todo mundo pode ter até peças únicas. Vou ganhar o público pelas minhas características e individualidade. Agora que me dei conta dessa força, aguardem!"