São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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Liber TANGO

por NATALY CABANAS

Nova sensação da literatura argentina, A bela Pola Oloixarac lança seu primeiro romance no brasil e confirma presença na próxima flip

"Who is that girl" com ar de vocalista indie e consumidora de filmes 3D? Formada em filosofia, articulista de arte e tecnologia e também blogueira, atende pelo nome de Pola Oloixarac: escritora portenha, 33 anos. "Mucho gusto".
No lançamento de seu livro de estreia na Espanha, há um ano, a revista de literatura " Quimera" disse que Pola trazia todos os ingredientes para escrever um "best-seller nerd". E o fez. Agora, em março, a editora Saraiva lança "As Teorias Selvagens", e os brasileiros poderão saber "quien es esa niña" que, assim como o livro, é igualmente indomável e conjuga beleza e talento sob mesmo nome.
Seu début literário causou admiração entre os leitores e crítica. O cultuado escritor Ricardo Piglia a apadrinhou quando disse: "A prosa de Oloixarac é o grande acontecimento da nova narrativa argentina. É filosófica, selvagem e muito serena". Pola também está na lista dos 22 melhores jovens narradores hispânicos da prestigiosa publicação inglesa "Granta".
De Bariloche, pelo Skype, Pola conversou com Serafina. Aproxima a câmera da janela e lá está o lago Nahuel Huapi. É ali que trabalha em seu segundo livro. A rotina: escrever-passear pelo bosque-escrever-ioga-escrever e dar um mergulho no lago gelado. O retiro literário nas montanhas só será interrompido pela vinda da escritora à Flip, em julho.
No livro há personagens tão díspares quanto um casal nerd, "feioso", e suas andanças por Buenos Aires acompanhado por um casal de belos e descolados. O desabafo de uma militante de esquerda que escreve cartas a Mao Tsé-Tung, um misterioso antropólogo holandês e rituais de passagem.
As histórias são costuradas por uma narradora que acredita ser o objeto do desejo do professor a quem persegue pelos corredores da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires. Suas ideias são ferozes e sua prosa, irônica e sarcástica. Suas armas: o físico de "Bond girl" rio-platense e um intelecto cuja excitação é pelo saber.
Avançar as páginas de "As Teorias Selvagens" é como conversar com a autora, que quando criança escrevia cartas à Nasa ("e me respondiam!"), hoje analisa os filmes estudantis de Michael J. Fox e, na estante de casa, guarda o volume "Política de Spinoza", edição de capa violeta de Marilena Chauí.
Em seu léxico cabem Rousseau, Alexander McQueen e blockbusters. "Você conhece - diz a escritora, com fones de ouvido roxos e óculos de grau -essa luta brasileira onde se utiliza todo o corpo?" Vale-tudo!, responde Serafina. "Sim! Assim quero que seja a minha escrita, poder utilizar todos os gêneros, todo o corpo da minha cultura no texto."
Assim, narrando à la Royce Gracie, leva a nocaute todo o discurso oficial e os mitos da Argentina dos anos 70: a psicanálise, a esquerda anacrônica, a luta armada, a universidade e os personagens folclóricos da faculdade de humanidades de Buenos Aires.


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