São Paulo, Domingo, 27 de Maio de 2012

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FINA

J.LO

por Dean Goodman, de Los Angeles

Eleita no mês passado a celebridade mais poderosa do mundo, jennifer lopez vem cantar no brasil, mas antes recebe a serafina para um bate-papo exclusivo

Jennifer Lopez está no set do programa “American Idol”. Enquanto um calouro interpreta “Imagine”, de John Lennon, ela canta junto, mas sem emitir som. Quando se trata de cantar junto, em sincronia labial, ninguém supera Jennifer, a ambiciosa dançarina que conquistou os mundos da música e do cinema antes dos 30 anos.

Ela move seus lábios sensuais para repetir o verso “You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one” (você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único), e você se pergunta se essa frase idealista poderia ser seu lema.

J-Lo (como é conhecida nos EUA) sonhou por muito tempo –e trabalhou 100 mil vezes mais arduamente do que todo o mundo– para chegar onde está hoje: um trabalho pelo qual estaria recebendo US$ 20 milhões (R$ 40 milhões), dando conselhos surpreendentemente construtivos a candidatos a “pop stars”.

Há pouco tempo, a revista “Forbes” classificou Jennifer como a celebridade mais poderosa do mundo, citando não apenas sua atuação no maior show de talentos dos Estados Unidos mas também seus contratos de publicidade e merchandising e sua presença maciça na mídia social.

Tudo contabilizado, ela ganhou US$ 52 milhões (R$ 104 milhões) nos últimos 12 meses, segundo a “Forbes”.

Jennifer faz pouco caso da menção na revista e então reformula o seu status. “Os últimos anos vêm sendo surpreendentes, e não estou tentando minimizar isso. Estou dizendo que, às vezes, é um pouco avassalador ouvir coisas como essas. Você precisa deixar de pensar nisso, sabe?”

Brasil

Jennifer está promovendo sua primeira turnê mundial, que começa com oito shows na América Latina. As escalas incluem São Paulo (23 de junho), Rio de Janeiro (27 de junho), Recife (30 de junho) e Fortaleza (1º de julho). Mas não cometa o erro de perguntar se esses shows são aquecimentos para o trecho norte-americano da turnê, que ela vai dividir com Enrique Iglesias.

“Não trato nada como aquecimento. Estou completa a partir do primeiro momento em que piso no palco”, ela explica. “O pessoal na América do Sul terá mais show do que as plateias nos Estados Unidos”, acrescenta, prometendo uma performance de pelo menos 90 minutos. Já a turnê com Iglesias terá apresentações de 60 minutos de cada artista.

Jennifer Lopez veio ao Brasil no início do ano para o Carnaval. Ela e seu namorado atuaram, um pouco constrangidos, como anúncios ambulantes de uma fábrica de cerveja. J-Lo se divertiu, mas lamenta que os perigos da fama geralmente a reduzam a ser prisioneira de seu quarto de hotel, em vez de turista animada.

Assim, ela só pode sonhar em percorrer uma favela ou tomar sol na praia de Copacabana. “Eu adoraria ir ao Brasil apenas para relaxar, para não fazer nada, para simplesmente ficar na praia e curtir a cultura local. Mas não sei se isso poderia acontecer realmente”, diz ela, dando risada.

Por enquanto, o que Jennifer vem fazendo é ensaiar com sua banda e seus dançarinos por até nove horas por dia, a não ser que esteja gravando “Idol”. Ela fará 43 anos em julho, mas declara estar mantendo os problemas da idade à distância –a maioria deles, pelo menos.

Nascida no Bronx, em Nova York, Jennifer Lopez começou no “show business”, em 1991, como dançarina na comédia de esquetes na TV “In Living Color”. Em meados dos anos 1990, ela já tinha focado sua atenção sobre a tela grande e conquistado reconhecimento no mainstream pelo papel-título do filme “Selena” (1996), sobre a “pop star” latina assassinada no Texas, em 1995. Não demorou muito para Jennifer estar em todos os lugares.

Em 1999, ela lançou seu primeiro álbum, inaugurando uma carreira musical que se baseou mais no estilo do que na substância. Em 2000, roubou a cena na entrega dos Grammy ao comparecer com um Versace com decote ousadíssimo.

Em 2001, encabeçou a parada dos EUA com seu segundo álbum, “J-Lo”, e ao mesmo tempo arrebatou as bilheterias dos cinemas com a comédia romântica “O Casamento dos Meus Sonhos”. Seguiram-se linhas de roupas, perfumes e um contrato publicitário com uma empresa de cosméticos.

volta por cima

Tudo isso foi parte de um plano ousado para evitar as armadilhas enfrentadas por estrelas envelhecidas. “As pessoas se diziam: ‘Para onde vou agora? O que eu posso fazer?’ Afinal, ninguém lhe oferece um plano de aposentadoria nem nada do gênero! Mas hoje existem outras possibilidades para fazer sua marca própria crescer, e você não precisa ficar sem futuro. É uma ótima coisa isso o que aconteceu, e fico feliz por ter sido uma das pessoas que esteve à frente disso.”

Nem tudo vem sendo tranquilo. Jennifer já se casou três vezes. No momento, está se divorciando do cantor de salsa Marc Anthony, pai de seus filhos gêmeos. Nos intervalos entre casamentos, viveu romances com famosos, como o magnata do hip-hop Sean Combs e o ator Ben Affleck, com quem contracenou no infame fracasso de bilheteria de 2003 “Contato de Risco”. Seus últimos álbuns e filmes tiveram performance abaixo da esperada.

Mas então chegaram o “American Idol” e seus 19 milhões de espectadores. Jennifer Lopez ignorou os agourentos e fechou contrato para participar, juntando-se ao também novato Steven Tyler, do Aerosmith.

“O programa me colocou diante de uma plateia imensa e permitiu que as pessoas me conhecessem de verdade. E isso me abriu muitas portas. Sou muito grata ao ‘American Idol’ por isso, por me ter dado essa oportunidade.” (Ela ainda não decidiu se vai retornar no ano que vem.)

Não por coincidência, “American Idol” ajudou Jennifer a conquistar sua melhor posição nas paradas em seis anos, quando ela lançou seu novo álbum, “Love”, em 2011. Sendo possivelmente a estrela latina de maior sucesso em Hollywood, ela vem usando sua

influência para apoiar o presidente Barack Obama nas eleições deste ano.

É possível que isso desagrade a alguns de seus fãs, mas J-Lo não está preocupada. “Adoro apoiar pessoas de que gosto de verdade e tenho uma boa opinião dele como presidente e como pessoa. Se precisarem de minha ajuda, de alguma maneira, eu ajudarei.” Quando o assunto são voltas por cima, Obama poderia aprender algo com Jennifer Lopez.

Tradução de Clara Allain


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