São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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POP-UP

Ator de Antunes Filho vai ao cinema e diz: "sou do palco"

por SÉRGIO ROVERI

LEE THALOR

Lee Thalor, há cinco anos pupilo de Antunes Filho, estreia no cinema em filme que vai concorrer a uma vaga No Oscar

Nas noites de terça-feira, amparado apenas por uma linguagem incompreensível e um gingado que não deixa de ser elegante, ele incorpora um malandro no espetáculo "Foi Carmen". Às sextas e aos sábados, sobe sete andares no mesmo prédio do Teatro Sesc Anchieta, em São Paulo, para vestir uma camisa do Vasco e entrar na pele do boa-praça Tuninho, da peça "A Falecida Vapt-Vupt". E, a partir da próxima sexta-feira, 2 de outubro, irá exibir sua expressão eternamente séria no primeiro filme de sua carreira, "Salve Geral", de Sérgio Rezende. No longa, ele vive Rafa, rapaz de classe média apresentado ao violento mundo dos presídios após matar uma garota cujo único deslize foi o de estar no lugar errado na hora errada.
O nome que sustenta todos esses personagens é o do ator goiano Lee Thalor de Moura Paula, de 25 anos, os últimos sete deles em São Paulo. Lee Thalor foi revelado ao público no espetáculo "Quaderna", de 2006, direção de Antunes Filho para o romance de Ariano Suassuna. Tímido e mirrado –na época, pesava 54 quilos e perdia três após cada apresentação–, o estreante já era dono de uma técnica que lhe valeu indicação para o Prêmio Shell de melhor ator. Não levou o troféu, mas deixou claro que seu estranho nome (pronuncia-se "Li Teilor") tinha fôlego para ser mais do que a promessa da temporada.

Depois de "Quaderna", e sempre sob o guarda-chuva de Antunes, vieram "Foi Carmen", "Senhora dos Afogados", "A Falecida Vapt-Vupt" e, em breve, "Triste Fim de Policarpo Quaresma", prevista para estrear no início de 2010. "Há um lado bom e um ruim em se trabalhar com Antunes Filho", diz o ator, num domingo de chuva, gorro na cabeça e pés descalços em seu apartamento nos Campos Elíseos, centro de São Paulo. "O lado bom é que se aprende muito, o lado ruim é que também se aprende muito."

Sérgio Rezende conta que não demorou três minutos para escolher Lee para o papel de Rafa. "É ator de verdade, malhando há anos com o mestre Antunes. Nunca tinha feito um filme, mas de iniciante não tem nada. Tem opinião, sensibilidade, tem ferramentas para exercer as duas coisas. Um atorzaço."

Sua chegada ao cinema foi cercada dos mesmos cuidados que dedica ao palco. Raspou a cabeça, ganhou peso, visitou diversos presídios e leu tudo o que conseguiu a respeito de Ayrton Senna, já que seu personagem é maníaco pelo piloto.

"Achei que fosse estranhar muito o cinema, mas não", diz. "Aprendi muito fazendo esse filme. No teatro, eu tenho de fisgar o olhar de 300 pessoas e trazê-lo até mim. No cinema, é a câmera que vem captar os meus olhos."

Não foi a única lição. "Ao fazer o filme, vi o quanto sou de teatro."

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