São Paulo, domingo, 30 de Outubro de 2011

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DNA

Eternas modernas

Chico Felitti

É a terceira vez que Helena Ignez faz a peça "O Belo Indiferente". Há 30 anos, foi dirigida por Rogério Sganzerla e agora dirige a filha, Djin, no mesmo espetáculo, em cartaz em São Paulo até 16 de dezembro

Helena Ignez, 69, atriz e diretora

Vocês atuaram juntas em dois filmes e duas peças. Como surgiu a parceria?
Fui convidada pela minha filha para dirigir, não é incrível? E tenho um caso de amor com essa peça de Jean Cocteau (1889-1963). A primeira vez que fiz foi no teatro Castro Alves, em Salvador, nos anos 1980. Eu atuava e o Sganzerla dirigia. Nos anos 1990, fiz uma montagem de teatro-dança. O que é moderno sempre será, independentemente da década. É um desafio adorável.

Sua filha cresceu atuando. Você ainda se surpreende?
A Djin sempre me surpreende, ela é muito natural. Tudo o que apresenta é de uma riqueza que eu talvez não visse em casa.

Dá para separar a mãe de casa da mãe do palco?
Mãe e diretora são totalmente "distanciáveis". Pode parecer que não, mas são. A diretora é amor e crítica. A mãe é um poço sem fundo de afeto e só, sem crítica nenhuma.

Djin Sganzerla, 35, atriz

É mais difícil ter uma mãe ou uma diretora?
Ai, os dois. É até mais difícil quando elas estão juntas, na mesma pessoa. Você tem de construir uma distância. Não dá para sair gritando "mãããããe" dentro de uma sala com cem outras pessoas, né?

Você é Sganzerla, ela não. Faz diferença?
É óbvio que eu carrego uma força no sobrenome. Isso pode ter aberto algumas portas, mas ficou para trás. Agora já fiz cinema, bastante teatro, já virei eu mesma.

Você sempre soube que queria atuar?
Queria ser médica. Mas era uma fuga, por causa do problema de ter recebido o palco assim, logo de cara, em casa. Precisei negar isso por um tempo. Mas, quando decidi que ia ser atriz, estava resolvido. Você leva mais a sério se está disposto a pagar o preço do ofício.

Você disse dez anos atrás que não gostaria de fazer novela. E agora?
Agora morro de vontade de fazer TV, coisa que antes não tinha, porque não via como se pode ser atriz de verdade lá. Faria uma novela do Manoel Carlos, por exemplo, com muito amor. Mas não faria a coisa rasa, me basearia em atrizes que parecem simples, mas, na verdade, são complexas. A Marilyn Monroe é um ótimo exemplo que poderia ser incorporado à novela brasileira.


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