São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009 |
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FINO O marchand Charles Saatchi lança o Big Brother das artespor MARIANNE PIEMONTE, de Londres CHARLES SAATCHI BIG BROTHER DAS ARTES Recluso e avesso a entrevistas, o marchand Charles Saatchi fala sobre seu mais novo projeto: um reality show Não importa se é noite de vernissage em sua própria galeria, ele não aparecerá. Não irá, não quer saber quem foi e só não tem raiva dos que foram porque boa parte de seu patrimônio de 100 milhões de libras provém desses eventos. Com essa fortuna, segundo a lista das pessoas mais ricas do Reino Unido divulgada pelo jornal britânico "The Sunday Times", Charles Saatchi, 65, galerista e dono de uma das maiores coleções de arte do mundo, diz que sua única extravagância são os frappuccinos da rede de cafés Starbucks. Responsável pela efervescência artística britânica nos anos 1990, foi ele quem revelou o artista Damien Hirst e toda a geração dos "Young British Artists" (ou YBA's, jovens artistas britânicos; veja três abaixo). Filho de uma família judia iraquiana que imigrou para Londres quando ele tinha quatro anos, Saatchi é famoso por suas manias e pela aversão a entrevistas. Talvez por isso "My Name is Charles Saatchi and I'm an Artoholic" (meu nome é Charles Saatchi e eu sou um viciado em arte), livro lançado há dois meses na Inglaterra –uma compilação de 200 perguntas a que ele respondeu ao longo de 15 anos– tenha causado tamanha repercussão. Numa das questões, ele confi rma uma declaração de seu protegido Hirst. "Sim, ele está certo. Eu sou um 'art shopaholic' (compra arte compulsivamente)." Em outra, diz que preferia ter de comer uma tela a ver seu retrato pintado nela. RECEITAS DE NIGELLA No ano passado, Nigella, que é autora do best-seller "How to Be a Domestic Goddess" (como ser uma deusa do lar), engavetou suas receitas divinas e ajudou o marido a perder 25 quilos numa dieta pouco ortodoxa. Durante nove meses, ele comeu três ovos no café, três ovos no almoço e três no jantar. Com a dieta alardeada por revistas e jornais ingleses, nutricionistas vieram a público falar dos perigos do regime.Saatchi fez piada: "Ainda não estou como gostaria, mas já detenho o recorde de mais alto nível de colesterol no sangue de um ser vivo", disse ao "Sunday Times". GRANDE IRMÃO Cerca de 3.000 artistas de todo o Reino Unido se inscreveram. Desses, cem foram selecionados e pela última peneira passaram apenas seis. "Eles receberão tarefas e deverão criar trabalhos diante das câmeras. Com as obras, criaremos uma exposição chamada ‘Newspeak'", disse Saatchi à Serafina, em entrevista por e-mail após meses de insistência. "Newspeak" é referência à novilíngua, idioma fictício criado por George Orwell no romance "1984". "A exposição acontecerá em dezembro no State Hermitage Museum, em São Petersburgo (Rússia), e depois virá para Londres", diz o galerista. As regras para escolha do vencedor? Apenas o olho do "grande irmão" galerista. Para Eamonn Maxwell, curador da Universidade de Artes de Londres, a arte britânica não seria o que é sem ele. "A Galeria Saatchi se tornou a casa dos artistas contemporâneos durante os anos 90", diz. E em 2009? O desafio será encontrar num reality show o novo Damien Hirst, único artista britânico contemporâneo que segundo Maxwell ganhará espaço nos livros de arte daqui a cem anos. COLABOROU PAULO RIBEIRO OS PUPILOS DE SAATCHI Damien Steven Hirst, 44, estudou artes plásticas na Universidade de Londres. Em 1991, Saatchi se ofereceu para bancar o que ele quisesse fazer. No ano seguinte, Hirst expôs "The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living" (a impossibilidade física da morte na mente de alguém vivo), um tubarão imerso em um tubo de formol. O tema central de sua obra é a morte. Tracey Emin, 46, é a menina má do grupo, com sua obra autobiográfica e sexual. Na mostra "Sensation", de 1997, apresentou "Everyone I Have Ever Slept With" (todos com quem já dormi), uma cabana onde escreveu os nomes do irmão gêmeo, da mãe, dos namorados e dos dois bebês que abortou. Em 1998, foi finalista do Turner Prize com "My Bed", uma cama desarrumada rodeada de bitucas, lingerie suja de sangue e camisinhas. A principal característica do trabalho de Sarah Lucas, 47, é o uso de móveis e alimentos para representar o corpo humano. Em 1992, Saatchi visitou a casa-ateliê de Sarah, onde encontrou a obra "Two Fried Eggs and a Kebab" (dois ovos fritos e um kebab), representando a nudez feminina. Ele imediatamente a incorporou Índice |
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