São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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TERETETÉ

A dieta de Seth Rogen: fome, raiva, dor e ódio

por TETÉ RIBEIRO

RETRATO DO ARTISTA QUANDO MAGRO

Mais leve e mais famoso, Seth Rogen fala à Serafina o que não diria à mídia americana

Seth Rogen, 27, o ex-gordinho de "Ligeiramente Grávidos", caiu no velho conto de Hollywood de que quanto mais magro mais poderoso. E apareceu com dez quilos a menos nas filmagens de "Funny People", novo filme de Judd Apatow, com Adam Sandler, cuja estreia está prevista para novembro. Falou com Serafina em Santa Monica, na Califórnia, tomando uma Diet Coke.

Você é muito jovem para já ter feito tantas coisas. Tem medo de ficar velho e não ter mais tanta energia? Um pouco, claro, mas tem gente bem mais velha que eu por aí e que ainda dá no couro, tipo o Adam Sandler ou o Martin Scorsese. Essas pessoas me dão esperança.

Mas o Adam Sandler só tem 43 anos. Você acha que ele e o Martin Scorsese são dois velhos artistas, é isso? O Scorsese faz 67 neste ano.

Não, um é tipo um tiozinho, o outro um vovozinho. Mas são dois caras mais velhos que eu admiro. E você é da imprensa estrangeira, o Sandler nunca vai ler sua revista e ficar ofendido, né? (risos). Se bem que agora que o filme está pronto, ele que se dane (risos).

Vocês ficaram grudados durante as filmagens. Foi bom pra você? Foi lindo (risos). Sou fã dele desde os 12, ouvia seus álbuns cômicos sem parar. E vi os filmes, tenho as coleções de melhores momentos dele no "Saturday Night Live". Meu personagem tem que cantar para o dele dormir, e fiquei pensando que se ele pedisse eu era capaz de fazer isso na vida real.

Seu personagem faz "stand-up comedy" no filme. Quem escreveu as piadas que ele conta? Cada um tinha que escrever seu próprio material. O Judd Apatow tem um talento todo especial para fazer você trabalhar por ele.

Você começou fazendo "stand-up". Achou que foi fácil voltar a esse mundo? Foi um pesadelo. Tinha me esquecido de como era infernal ter que sair tarde da noite de casa para ir me apresentar em um clube de comédia na frente de um bando de gente que já encheu a cara. Gosto muito mais do trabalho que faço hoje, é muito mais confortável escrever um roteiro e depois atuar em um filme com produção, diretor, figurino, cenário. E longe do público (risos).

Todos os atores de teatro falam que a presença do público é insubstituível. Eu acho 100% substituível. Se bem que agora sou mais conhecido, e a fama te dá uns cinco minutos de risos grátis, só porque o público fica animado de te ver pessoalmente. Mas é isso, depois desses cinco minutos eles também podem te vaiar sem o menor constrangimento.

Sua carreira é a realização do sonho de quase todo adolescente perdido. Abandonou o colégio, escreveu roteiro biográfico regado a muitos baseados e virou um sucesso em Hollywood. Algum conselho? Faça como eu, mergulhe nas drogas e largue os estudos (risos).

Você emagreceu mais de dez quilos em 2009. O que mudou? Esse assunto é muito gay, prefiro pular. Mas, em resumo, passei fome, raiva, dor no corpo, ódio, depois a calça ficou larga. Fim. E você preferiu a dieta a lutar contra o preconceito? Achei que você fosse bem mais combativo.Alto lá, eu luto por muitas causas. Pelos judeus comediantes, pelos homens que se recusam a levar a vida a sério, pelos não intelectuais, pelos usuários de drogas leves. Está bom para um canadense, não? Nós somos menos ambiciosos que os americanos mesmo (risos).

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