São Paulo, domingo, 30 de Outubro de 2011

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FINO

Você vai rir, você vai chorar

por Daniela Arrais

Autor do best-seller "Um Dia", que chega aos cinemas em dezembro, David Nicholls diz que será difícil se livrar do livro que virou filme

Emma e Dexter sofrem daquele mal comum a tantos casais: o "timing" equivocado. Quando eles se conhecem, em 1988, ela é desengonçada e sem graça. Ele, bonito desde sempre, já começa a usar seu poder de sedução. Após a festa de formatura, eles compartilham sonhos e pensam no que querem para o futuro. Ao longo dos próximos 20 anos suas vidas dão muitas reviravoltas, com espaço para encontros, desencontros e emoção.

Mas não espere uma profusão de clichês em "Um Dia" (ed. Intrínseca). Virou um fenômeno o livro de David Nicholls, 45. Já passa a marca de 3 milhões de exemplares vendidos.

Só no Brasil foram 60 mil. A obra foi para o cinema com direção de Lone Scherfig, de"Educação" (2009), e Anne Hathaway e Jim Sturgess. O autor até agora não descobriu o que o livro tem para conquistar um público que ri e chora com as mudanças de vida dos protagonistas. "Isso faria com que escrever meu próximo livro fosse fácil", diz à Serafina. "Talvez as pessoas se reconheçam e reconheçam seus amigos em Emma e Dexter. Acho que existe um pouco de melancolia também e uma nostalgia por juventude perdida, amigos perdidos, oportunidades perdidas." A estrutura do livro é seu maior trunfo.

Para contar a história de Emma e Dexter, Nicholls dividiu o livro em capítulos, que vão de 1998 a 2007, sempre no mesmo dia 15 de julho. "O maior desafio foi achar 20 dias aparentemente comuns que, no entanto, tinham alguma importância."

O resultado é uma narrativa simples, que alterna doçura com tristeza, fazendo um retrato de quem a gente pensa que vai ser e quem a gente vira de verdade. "É aquele velho clichê de pôster de filme: 'você vai rir, você vai chorar'. Eu queria que o livro tivesse o mesmo efeito de uma música favorita: que fosse apaixonado, engraçado, triste, enlouquecedor, exultante."

A adaptação para o cinema, que chega às telas em 2 de dezembro, não consegue ser tão intensa, mas Nicholls bem que se esforçou -foi ele quem adaptou o roteiro. "Deixamos de fora coisas que eu amo, mas fizemos o possível para manter a verdade dos personagens e as emoções do romance."Emoções que ainda consomem o dia a dia do autor, que passa a maior parte do tempo ocupado em falar sobre sua obra. "Vou remover qualquer traço de Emma e Dexter do meu escritório e começar algo completamente novo." Até lá, trabalha na adaptação para o cinema de "Grandes Esperanças", romance de Charles Dickens que diz amar.

O filme terá Helena Bonham Carter e Ralph Fiennes. Depois de tanto tempo dedicado a escrever sobre amor e tempo ou a falar sobre eles, é inevitável para Nicholls fazer uma comparação entre quem ele foi e quem ele é.

"Aos 20 anos eu estava apaixonado o tempo todo. Aquilo era intenso, me consumia, era sincero, mas também um pouco superficial e irreal. Vinte anos depois parece que amor tem muito mais a ver com compreensão mútua, respeito, conversa, comunicação", diz. "Aos 20 eu podia me apaixonar por alguém sem ter nem falado com ela. Felizmente, isso parece impossível agora."


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