São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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POP UP

Ora pombas!

por MARCUS PRETO

Silvia Machete: finalmente uma jovem cantora que não é flor que se cheire

A arte de não se levar a sério. Num tempo em que 99 e um pouco mais por cento das novas cantoras brasileiras capricham no estilo vestidão colorido e flor no cabelo, a carioca Silvia Machete, 33, investe na pomba. Uma das melhores vozes femininas surgidas por aqui nesta segunda metade de década só sobe ao palco com sua pombinha de brinquedo presa com grampos na cabeça.

Silvia é leve. Talvez por isso venha sendo mais comparada a Carmen Miranda do que a Gal Costa ou Elis Regina. Seus shows performáticos são de enlouquecer. Em um dos números, ela gira uma dezena de bambolês na cintura enquanto canta. Continua rebolando e alcança com uma das mãos o pacote de tabaco guardado na calcinha. Passa a outra mão para dentro do sutiã, tira dali um recorte de papel de seda e enrola um cigarro. Puxa um grampo da cabeça, aperta a bagana e cola com uma lambida. Acende. Os bambolês nunca param.

O circo foi sua escola. Ainda cursava o ensino médio num respeitável colégio carioca quando entrou para um grupo circense, em 1994. Enquanto pôde, foi levando as?duas coisas, escola e circo. Isso deixava sua mãe mais tranquila. Mas odiava estudar e, antes de se matricular na faculdade, partiu para uma temporada de seis meses na França. Ficou por lá três anos. Depois, mais nove em Nova York. Em 1995, conheceu um malabarista americano e se casou com ele. A dupla se apresentava em praças e ruas e tirava do circo seu sustento.

De volta ao Brasil em 2005, solteira outra vez, Silvia decidiu correr atrás de outra de suas paixões: a música. “Bomb of Love – Música Safada para Corações Românticos”, seu primeiro disco, foi prensado à próprias custas em 2006 e já virou item de colecionador. Mas quase todas as canções ali contidas voltaram em “Eu Não Sou Nenhuma Santa” (EMI), pacote de CD e DVD lançado no final do ano passado. Lá estão Silvia, a pomba, os bambolês e o cigarro.

Toda essa performance, acredite, não diminuiu um tostão seus atributos estritamente musicais. E, para os que ainda estiverem em dúvida, ela promete que no próximo trabalho vai “apenas” cantar. Programado para sair no começo do ano que vem, o projeto se baseia no repertório de Aloysio de Oliveira –integrante do legendário Bando da Lua, que acompanhava Carmen Miranda, e parceiro de Tom Jobim. Só música, nada de circo.

Pelo visto, a pomba já pode começar a planejar suas férias de verão.



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