São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2005

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O fornecedor

"Adoro livros, mas não sou bibliófilo. Nenhum livreiro pode ser bibliófilo. Se eu criar apego, não vendo. Estou aqui para atender aos colecionadores." É assim que Eurico Bezerra Brandão Júnior, 47, define seu ofício de dono de um dos maiores sebos do Brasil.
A primeira loja da Livraria Brandão Sebo começou com o pai dele, em Recife, há 55 anos. Depois, foi aberta outra, em Salvador, e, há 30 anos, mais uma, em São Paulo, a maior das três. Com mais de 70 anos, é o velho Brandão quem cuida da loja em Salvador. Segundo Brandão Júnior, a família mantém um estoque com quase 1 milhão de exemplares e compra em todo o Brasil.
No mês passado, a Livraria Brandão Sebo fez uma grande aquisição. "Compramos uma biblioteca inteira com mais ou menos mil volumes de primeiras edições de literatura brasileira. Diria que 95% deles são autografados." Para um bibliófilo, seria o mesmo que encontrar um tesouro.
Como todo negociante, Brandão Júnior se nega a falar em valores. "O mercado oscila muito. O preço de um exemplar pode subir ou cair. Se arrisco um valor, amanhã ou depois aparece um comprador com o recorte do jornal dizendo que o preço é aquele", defende-se o livreiro.
Conhecedor de livros e de colecionadores, ele também não revela para quem vende nem de quem compra. "Só digo que um bibliófilo de verdade visita um sebo pelo menos uma vez por semana", afirma.
Brandão Júnior explica que não vai atrás dos compradores. "São as pessoas que nos procuram, o próprio dono [da biblioteca] ou seus herdeiros. Fazemos uma avaliação e uma oferta", conta. Segundo ele, seus principais concorrentes são universidade particulares que buscam enriquecer seus acervos. Elas entram nas disputas e, geralmente, conseguem fazer ofertas melhores que as dos bibliófilos. (LN e EF)


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