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O fornecedor
"Adoro livros, mas não sou bibliófilo. Nenhum livreiro pode ser bibliófilo. Se eu criar
apego, não vendo. Estou aqui para atender
aos colecionadores." É assim que Eurico Bezerra Brandão Júnior, 47, define seu ofício de
dono de um dos maiores sebos do Brasil.
A primeira loja da Livraria Brandão Sebo
começou com o pai dele, em Recife, há 55
anos. Depois, foi aberta outra, em Salvador,
e, há 30 anos, mais uma, em São Paulo, a
maior das três. Com mais de 70 anos, é o velho Brandão quem cuida da loja em Salvador. Segundo Brandão Júnior, a família mantém um estoque com quase 1 milhão de
exemplares e compra em todo o Brasil.
No mês passado, a Livraria Brandão Sebo
fez uma grande aquisição. "Compramos
uma biblioteca inteira com mais ou menos
mil volumes de primeiras edições de literatura brasileira. Diria que 95% deles são autografados." Para um bibliófilo, seria o mesmo que encontrar um tesouro.
Como todo negociante, Brandão Júnior se
nega a falar em valores. "O mercado oscila
muito. O preço de um exemplar pode subir
ou cair. Se arrisco um valor, amanhã ou depois aparece um comprador com o recorte
do jornal dizendo que o preço é aquele", defende-se o livreiro.
Conhecedor de livros e de colecionadores,
ele também não revela para quem vende
nem de quem compra. "Só digo que um bibliófilo de verdade visita um sebo pelo menos uma vez por semana", afirma.
Brandão Júnior explica que não vai atrás
dos compradores. "São as pessoas que nos
procuram, o próprio dono [da biblioteca] ou
seus herdeiros. Fazemos uma avaliação e
uma oferta", conta. Segundo ele, seus principais concorrentes são universidade particulares que buscam enriquecer seus acervos. Elas entram nas disputas e, geralmente,
conseguem fazer ofertas melhores que as
dos bibliófilos. (LN e EF)
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