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Separação dolorosa
"Livro é uma coisa que anda muito, sabe?
Ele sai do lugar durante a noite e, no dia seguinte, nem sempre consigo encontrá-lo." É
com bom humor que o senador e ex-presidente José Sarney, 75, conta sobre as madrugadas que costuma passar em sua biblioteca, em Brasília, entre seus mais de
8.000 livros. Só assim ele consegue matar as
saudades de cada um dos quase 50 mil
exemplares que fizeram parte da sua coleção. Hoje, a maioria deles está na fundação
que leva o seu nome, no Maranhão.
"Sinto uma saudade enorme dos meus livros, de folheá-los. Foi a separação mais dolorosa que eu enfrentei na vida. E é definitiva. Mando constantemente meus livros para
o Maranhão, para que [os funcionários da
fundação] os conservem, informatizem o
acervo e, também, para que um número
maior de pessoas tenha acesso [a essas
obras]", conta.
Fascinado por obras que resgatam a história do Brasil e, principalmente, que tratem
de seu Estado natal, José Sarney orgulha-se
de ter em seu acervo as primeiras edições
dos livros fundamentais do Maranhão. Possui ainda um exemplar autografado de
"Mensagem", de Fernando Pessoa.
Sarney tem também raridades da literatura estrangeira, como a primeira edição de
"Genève", de Montesquieu, de 1748. "Encontrei esse livro em uma viagem à França.
Quando cheguei, minha mulher perguntou o
que eu tinha trazido e eu percebi que não tinha comprado mais nada além da obra. Ela
reclama que tudo o que eu tenho eu gasto
com livros. Mas eu não me arrependo", reafirma o senador.
"O contato material com o livro dá um prazer imenso. A gente sente uma glória de ter
livros. Esse é o fundamento de todo o bibliófilo" resume o senador, que diz ter a missão
de "salvar" obras que podem desaparecer.
(LN e EF)
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