São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2005 |
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experimentar A receita de sucesso de Adib Jatene
Gilberto Dimenstein
Apesar das dificuldades, Adib Jatene chegou ao ponto máximo
na carreira. Nasceu no interior do Acre, o pai morreu cedo, a
mãe tinha dificuldade para se sustentar. Mesmo assim, entrou
na Faculdade de Medicina da USP, da qual virou professor-titular.
Sem nunca estudar no exterior, suas experiências em cirurgia cardíaca deram-lhe projeção internacional. Quando olha para trás, Adib vê
três mestres que lhe ajudaram em sua receita de sucesso.
Quando Adib era criança, seu primeiro professor chamava-se Benedito Marra da Fonseca e era cego de nascença. "Vi como um cego era
capaz de aprender, superando as dificuldades." Com ele, Adib desenvolveu o raciocínio lógico-matemático. "Aprendi matemática pelos
olhos de um cego. Imagine a força que isso tem para mim."
Tempos depois,
veio Euryclides
Zerbini, pioneiro
nos transplantes
no Brasil, que colocou Adib Jatene
em sua equipe de
cirurgia cardíaca.
"Mudou minha
vida. Meu plano
era me formar em
saúde pública e
voltar para o
Acre." Zerbini
criou um ambiente efervescente de pesquisas
cardíacas, das
quais Jatene participava, o que lhe
compensou, em
parte, o fato de
não ter estudado
nos Estados Unidos ou na Europa. Assim como a
técnica, Zerbini
deixou-lhe uma
frase, repetida
sempre e, em
especial, nos momentos mais difíceis: "Não há nada que resista ao trabalho", repete Adib Jatene.
O terceiro professor foi Dante Pazzanese que, além dos conhecimentos médicos, foi autor de outra frase. "Ele me dizia que devemos sempre
combater dois sentimentos. A inveja, que não nos deixa reverenciar
quem é melhor do que a gente, e a vaidade, que nos faz esquecer que
sempre temos algo a aprender com as pessoas."
O que ele está dizendo não é lição de auto-ajuda. É apenas a receita
do sucesso. Quando a pessoa é talentosa, esforçada e ainda está disposta a aprender sempre -e não se perde em invejas e vaidades-, tende
a chegar ao ponto mais alto da carreira profissional.
Gilberto Dimenstein, 47, é membro do Conselho Editorial da Folha e faz parte do board do programa de Direitos Humanos da Universidade de Columbia (EUA). Criou a ONG Cidade Escola Aprendiz, em São Paulo. @ - gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Bibliófilo dormente Próximo Texto: Leituras cruzadas: Pornografia ao pé da letra Índice |
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